01/12/2025

Good morning, Brasil.

Entramos oficialmente no último mês do ano — aquele momento em que, ou você tenta resolver tudo o que ficou pendente, ou já posterga para 2026.

Mas vamos ao que interessa. Lá fora, as bolsas americanas retomam o ritmo normal após o feriado do Thanksgiving; enquanto isso, o Ibovespa segue orbitando a região de all-time high.

Por aqui, Vorcaro, do Banco Master, foi solto no sábado (29) após decisão da Justiça; e o rombo acumulado nas estatais já soma R$ 6,35 bilhões no ano.

E no Paper of the Day de hoje, analisamos um movimento que ganhou força nos últimos anos e se intensificou em 2025: por que tantos brasileiros estão escolhendo o Paraguai como nova residência fiscal e empresarial?

Aqui está o seu THE PAPER de hoje.

QUICK TAKES

📎 Read: Na maior transferência de riqueza da história, a prova de fogo da indústria de wealth management (Neofeed)

▶️ Watch: O colapso da consultoria corporativa (The Invisible Game)

#️⃣ Stat: Um estudo do MIT concluiu que a AI já pode substituir 11,7% da força de trabalho dos EUA (CNBC)

🧊 Ice Breaker: Flamengo pode ultrapassar R$ 2 bilhões em receita com tetra da Libertadores (CNN)

ANTES DO SINO

Fechamento 28/11/2025 — (19:00)

PAPER OF THE DAY

Por que o Paraguai está atraindo os brasileiros?

A presença brasileira no Paraguai não é nova. Desde os anos de 1970, o país recebe produtores de soja e famílias do Sul do Brasil que cruzaram a fronteira em busca de terras mais baratas. É daí que vem o termo “brasiguaios”.

O que mudou agora é o perfil do fluxo.

Nos últimos anos, passaram a aparecer outros personagens:

  • empresários industriais que deslocam parte da produção para aproveitar energia e mão de obra mais barata;

  • investidores e famílias de alta renda buscando residência fiscal com imposto mais baixo e regras mais previsíveis;

  • estudantes, especialmente de medicina e odontologia, atraídos por mensalidades muito abaixo das praticadas em universidades privadas brasileiras.

Ao mesmo tempo, o Paraguai profissionalizou sua estratégia: simplificou o sistema tributário, consolidou o regime de Maquila para exportação, abriu portas para serviços e passou a se vender como “plataforma competitiva” dentro do Mercosul.

Palácio de los López em Assunção

O que o Paraguai oferece:

De forma simples, três vetores explicam por que o Paraguai entrou tão forte no radar: tributação, estabilidade e logística.

1. Tributação: o 10–10–10 e a renda estrangeira não tributada

O coração da história é fiscal. O Paraguai trabalha com um modelo simples de entender:

  • 10% de Imposto de Renda Pessoa Física

  • 10% de Imposto de Renda Pessoa Jurídica

  • 10% de IVA (imposto sobre consumo)

Essa é a “regra”.

A partir daí, entram as nuances que tornam o país especialmente atrativo. O Paraguai adota um sistema territorial, ou seja, só tributa renda gerada dentro do país. Isso significa que aposentadorias, dividendos estrangeiros e ganhos com investimentos no exterior não entram na base de cálculo local.

Para muita gente, a vida financeira continua acontecendo no Brasil ou no resto do mundo, mas a conta de imposto passa a ser calculada em Assunção.

Vale ressaltar que essa isenção é do lado paraguaio. Se você mantiver sua residência fiscal no Brasil, a Receita Federal brasileira continuará tributando sua renda global normalmente.

Além disso, há mecanismos que reduzem ainda mais a carga efetiva:

  • certas rendas locais têm alíquotas menores (como aluguéis e dividendos)

  • gastos de consumo em categorias específicas (como alimentação, saúde e moradia) podem ser deduzidos na apuração do imposto de renda, reduzindo a base de cálculo.

Na teoria a alíquota é 10%. Na prática, para quem organiza bem a residência fiscal, concentra renda no exterior e usa as deduções disponíveis, a alíquota efetiva costuma ficar abaixo disso.

Do lado empresarial, o destaque é o regime de Maquila. Para operações voltadas à exportação, a empresa paga 1% sobre o valor agregado e tem isenção de impostos na importação de máquinas e insumos, sendo um modelo que está atraindo fábricas brasileiras dos setores têxtil, autopeças, plástico, alimentos e, cada vez mais, nos serviços prestados ao exterior.

2. Estabilidade política e percepção de segurança

O segundo vetor é político.

O Paraguai vive há décadas sob hegemonia do Partido Colorado, de perfil mais ao centro-direita. Isso reduz a sensação de “mudança de humor” a cada eleição e passa, para o investidor, uma mensagem de continuidade da agenda pró-negócio.

Somado a isso, vem o tema da segurança: embora o país tenha problemas na região de fronteira, cidades como Assunção e Encarnación são vistas como mais tranquilas do que muitos grandes centros brasileiros. A taxa de homicídios, por exemplo, é menor que a de alguns dos estados mais seguros do Brasil.

3. Logística simples e “Plano B” barato

Mudar-se para o Paraguai, para quem mora no Sul e Sudeste, é quase como mudar de estado: voos curtos, custo relativamente baixo, mesmo fuso horário e fronteira por terra.

O processo de obtenção de residência é relativamente simples para cidadãos do Mercosul. Existem dois tipos de autorização:

  • Residência temporária (2 anos): A lei exige que você não se ausente do país por mais de 12 meses consecutivos para manter a residência válida.

  • Residência permanente (10 anos, renovável): Obtida após 21 meses de residência temporária, exige que você não se ausente por mais de 36 meses consecutivos.

Isso permite que muita gente estruture o Paraguai como um Plano B, desde que devidamente orientada por profissionais especializados.

Obs: Este texto é informativo e não substitui orientação jurídica, fiscal ou migratória profissional.

Em números:

HEADLINES

World Big News:

  • O ex-presidente peruano Pedro Castillo foi condenado a 11 anos de prisão por conspiração (El País)

  • Netanyahu pede indulto durante o julgamento por corrupção em curso contra o primeiro-ministro israelense (AP)

  • O principal assessor de Zelensky e negociador-chave da paz renuncia após operação anticorrupção em sua casa (CNN)

  • Trump declara espaço aéreo da Venezuela 'totalmente fechado' e aumenta pressão militar no Caribe (g1)

Governo, Tesouro, BC e Brasília:

  • Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, é solto com tornozeleira eletrônica (CNN)

  • O documento do Banco Central que ajudou Vorcaro a sair da cadeia (O Globo)

  • Corregedoria da PM prende 5 policiais do Batalhão de Choque por crimes na megaoperação da Penha e do Alemão (g1)

  • Puxado pelos Correios, rombo de estatais soma R$ 6,35 bilhões e se aproxima de recorde histórico (g1)

Faria Lima, Wall Street, Euro, Ásia:

  • Por que empresas estão deixando a bolsa mesmo com o Ibovespa em recorde? (g1)

  • As dúvidas do mercado sobre o Grupo Mateus (Brazil Journal)

  • JPMorgan prevê que o S&P 500 alcance 7.500 pontos em 2026 — ou ultrapasse os 8.000 pontos se o Fed continuar reduzindo as taxas de juros (Yahoo Finance)

  • Bolsa de Chicago sofre pane e suspende negociações de petróleo, títulos e S&P 500 (InfoMoney)

  • Airbus ordena recall urgente em aviões A320 após incidente relacionado a controles da aeronave (g1)

Economia Real e Commodities:

  • Renegociações de dívidas rurais levam R$ 90 bi de crédito da safra (Globo Rural)

  • Brasil pode incrementar US$ 33 bi em 5 anos com novas aberturas comerciais (Agro Estadão)

  • Dívida das empresas brasileiras cresce 22% no terceiro trimestre (InvestNews)

  • Até setembro, Globo faturou R$ 8,8 bilhões com publicidade (Meio&Mensagem)

Tech, Silicon Valley, Startups, Criptos, VC:

  • A inteligência artificial impulsionou um recorde de US$ 11,8 bilhões em gastos online na Black Friday (Reuters)

  • Venture capital europeu em alta: o movimento que o Brasil precisa observar com atenção (Neofeed)

  • Ministério da Fazenda prepara cobrança de IOF em criptomoedas (Valor)

Deals, M&A e Private Equity:

  • Chilli Beans contrata UBS BB para vender uma fatia de 30% (Neofeed)

  • Totvs compra Suri e se "arma" no jogo do marketing conversacional (Startups)

  • Raízen avança para vender ativos acima de US$ 1 bilhão na Argentina, dizem fontes (Bloomberg Línea)

  • Incorporadora em Balneário Camboriú vende 57 apartamentos a fundo da Reag, que não registra unidades (Estadão)

  • São Carlos vende R$ 837 milhões em imóveis para fundo imobiliário e acelera virada “asset light” (Neofeed)

GRÁFICO DO DIA

O mês de novembro foi marcado por forte volatilidade nos mercados, impulsionada pelo shutdown nos EUA, pelas incertezas quanto aos cortes de juros pelo Fed e pelas discussões sobre uma possível bolha no setor de tecnologia e AI.

MEMES SESSION

Próxima parada é nos 200k (É o que dizem)

AGENDA

Segunda, 01/12:

Terça, 02/12: Produção Industrial (BRA); Ofertas de Emprego (EUA)

Quarta, 03/12: PMI de Serviços (EUA); PMI Não-Manufatura (EUA)

Quinta, 04/12: PIB do Brasil; Balança Comercial (BRA); Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego (EUA)

Sexta, 05/12: Núcleo do Índice de Preços PCE (EUA)

THE PAPER // THAT'S ALL, FOLKS

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