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- 02/12/2025
02/12/2025

Good morning, Brasil.
Os mercados ontem ainda sentiram a ressaca do pós-feriado nos EUA e fecharam em queda. Mas o destaque negativo foi mesmo o Bitcoin, que chegou a recuar mais de 6% e agora ronda os US$ 86 mil.
No exterior, Ucrânia e Oriente Médio seguem no radar geopolítico, com destaque para as movimentações dos Estados Unidos em relação à Venezuela. No Brasil, Lula convocou ministros para discutir a crise com o Senado; a PF apreendeu documentos com Vorcaro sobre um negócio imobiliário envolvendo um deputado do PL; e cresce o alerta sobre a facção “evangélica”, que desponta como terceira força do crime organizado no país.
O Paper of the Day de hoje traz um overview do novo planejamento estratégico da Petrobras, divulgado na última semana.
Aqui está o seu THE PAPER de hoje.
QUICK TAKES
📎 Read: Minha Vida É Uma Mentira - Como um padrão de referência falho silenciosamente destruiu a América (Michael W. Green)
▶️ Watch: O CEO da Polymarket diz que mercado de previsões é “a coisa mais precisa que nós, como humanidade, temos no momento (60 Minutes)
#️⃣ Stat: Governo Lula reduz para R$ 1.627 previsão de salário mínimo de 2026 após inflação menor (Folha)
🧊 Ice Breaker: Estudantes do ensino médio americanos estão trocando a Ivy League pelas universidades do sul por causa do sol e da cultura universitária (New York Post)
ANTES DO SINO

Fechamento 01/12/2025 — (19:00)
PAPER OF THE DAY
Petrobras 2026–2030
A Petrobras anunciou na semana passada o Plano de Negócios 2026–2030. A mensagem ao mercado é direta: depois de um ciclo de superdividendos e expansão acelerada, o momento agora é de disciplina, seletividade e realismo.
O plano projeta US$ 109 bilhões em investimentos para o próximo quinquênio, uma leve redução em relação ao plano anterior. Mas não se trata apenas do número: a empresa mudou a lógica interna de alocação de capital, criou uma carteira de projetos condicionais e reforçou sua identidade como petroleira que opera com cautela em um ambiente de petróleo mais barato e mais volátil.
Desde 2024, o barril do Brent perdeu força e hoje vale cerca de 75% do preço praticado no ano passado. A própria presidente da Petrobras, Magda Chambriard, resumiu o cenário:
“Os desafios aumentam. Estamos em um mundo instável, e o preço do petróleo flutua. Houve uma redução no preço por barril do petróleo cru desde o ano passado. Hoje temos 75% do valor do Brent, que é o que nos remunera, em relação a 2024”
Essa mudança de premissa é um dos principais fatores por trás do desenho mais conservador do plano.
Uma Petrobras “mais prudente”
A grande inflexão do plano é a adoção de uma política clara de disciplina de capital. A estatal não está mais disposta a carregar projetos a qualquer custo. Agora, o investimento total de US$ 109 bilhões é dividido em duas grandes frentes:
Carteira em Implantação (US$ 91 bilhões): É a prioridade da empresa. Deste total, US$ 81 bilhões formam a "Carteira Base" (projetos aprovados e garantidos) e US$ 10 bilhões compõem uma "Carteira Condicional", que só será executada se houver financiabilidade e caixa robusto.
Carteira em Avaliação (US$ 18 bilhões): Projetos que ainda estão em fase de estudos e maturação, como novas fronteiras exploratórias e biorrefino, e que não têm garantia de execução imediata.

Plano de Negócios Petrobras 2026-2030
Essa mudança, embora técnica, altera o comportamento da empresa. A Petrobras tenta evitar o risco clássico de ciclos de alta — gastar demais quando o preço do petróleo cai.
Ao mesmo tempo, a estatal atualizou sua premissa de petróleo: preços mais baixos à frente significam menos espaço para aventuras e mais foco no essencial.
“O que significaria nas contas pessoais de cada um de vocês, se de um ano para outro vocês tivessem um salário reduzido a 75% do valor? Que tipo de exercício se teria de fazer para equilibrar as contas? E é isso que estamos fazendo”, disse Magda.
Investimentos: foco no core business
O plano mantém a Petrobras concentrada naquilo que ela faz melhor: Exploração e Produção (E&P).
São US$ 69,2 bilhões destinados ao segmento em projetos da Carteira em Implementação, que sustenta a maior parte do resultado operacional da companhia.
Desta carteira, 62% correspondem ao Pré-Sal, 24% em campos do Pós-Sal, 10% estão alocados em Exploração e cerca de 4% relacionados a Terra, Águas Rasas, ativos no Exterior, tecnologias ou projetos de descarbonização.
A mensagem é simples: antes de investir em novos mercados, a empresa precisa garantir a reposição de reservas, ampliar o pré-sal e manter sua curva de produção estável.
No refino e fertilizantes, o tom é de continuidade com ajustes: a UFN-III, em Mato Grosso do Sul, passou de 2028 para 2029, e os projetos de biorrefino ganham prioridade dentro da lógica da empresa de usar a infraestrutura existente para produzir combustíveis de menor emissão.
Na transição energética, a Petrobras fez uma escolha clara: menos aposta em eólica e solar, mais foco em biocombustíveis. A decisão reflete dois pontos: o excesso de oferta global em geração renovável e a estratégia de concentrar a transição em combustíveis líquidos, onde já existe escala e vantagem operacional.
Dividendos: a parte mais sensível para o mercado
O plano deixa claro que não há expectativa de dividendos extraordinários no cenário-base. A Petrobras vai se limitar ao obrigatório — o que reduz de maneira importante o fluxo de caixa esperado pelos investidores.
Para parte do mercado, essa sinalização foi dura. As ações reagiram negativamente, refletindo a frustração de quem vinha habituado a um nível recorde de distribuição.
Por outro lado, analistas de grandes casas continuam enxergando valor nos papéis: mesmo com dividendo menor, Petrobras negocia com desconto, e alguns bancos projetam preço-alvo entre R$ 37 e R$ 44 — acima do nível atual.
E onde entra a Margem Equatorial nisso tudo?
A Margem Equatorial aparece como um dos elementos estratégicos, não como o eixo central do plano.
O que o documento deixa claro é que parte dos investimentos exploratórios da região está justamente na carteira sub judice: ou seja, a empresa só vai avançar conforme houver caixa, licenciamento e viabilidade operacional.
Ela importa porque representa uma possível fronteira de reposição de reservas no longo prazo. Mas no contexto do plano, é tratada como uma aposta importante, e não como o norte da estratégia.
O bottom line
A Petrobras escolheu um caminho defensivo — e coerente com o cenário atual.
Menos CAPEX, mais seletividade, dividendos mais magros e uma estratégia de transição energética alinhada ao que a empresa já domina.
Para o país, isso significa investimentos garantidos e expansão gradual.
Para o investidor, significa uma empresa mais previsível, mas menos generosa no curto prazo.
O plano não tem a ambição exuberante de ciclos anteriores. Mas tem a função de proteger o caixa, preservar valor e navegar um mercado de petróleo mais barato.
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GRÁFICO DO DIA
O assunto da semana: Juros no Japão.

MEMES SESSION

AGENDA
Segunda, 01/12: —
Terça, 02/12: Produção Industrial (BRA); Ofertas de Emprego (EUA)
Quarta, 03/12: PMI de Serviços (EUA); PMI Não-Manufatura (EUA)
Quinta, 04/12: PIB do Brasil; Balança Comercial (BRA); Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego (EUA)
Sexta, 05/12: Núcleo do Índice de Preços PCE (EUA)
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