05/12/2025

Good morning, Brasil.

Boa sexta-feira… respira, falta pouco. Para animar seu dia, este fim de semana tem a “final” da Fórmula 1 e o início da temporada da Fórmula E em São Paulo. Ótimo momento para você bancar o entendido do assunto no almoço de domingo.

Vamos lá.

Fontes em Brasília afirmam que Joesley Batista viajou à Venezuela para tentar convencer Maduro a renunciar; o Brasil deixou oficialmente a lista das 10 maiores economias do mundo; e a Cerc recebeu o sinal verde para se tornar a primeira “bolsa de renda fixa” do país, um movimento que pode reconfigurar o mercado local.

No Paper of the Day de hoje, olhamos para a China, ou melhor, para a invasão dos carros chineses nas ruas brasileiras. Se você teve a sensação de que surge uma marca nova todo mês… não é impressão. E, do jeito as coisas estão indo, logo menos o seu próximo carro também pode ser chinês.

Aqui está o seu THE PAPER de hoje.

QUICK TAKES

📎 Read: Relatório de ambições de bilionários 2025 (UBS)

▶️ Watch: Como a indústria do lobby influencia decisões no Congresso (UOL Prime)

#️⃣ Stat: Número de bilionários do mundo bate recorde em 2025 (Exame)

🧊 Ice Breaker: João Fonseca fecha com Mercado Livre e expande lista milionária de patrocínios (Veja)

ANTES DO SINO

PAPER OF THE DAY

A invasão chinesa nas ruas brasileiras

O seu próximo carro pode ser chinês.

Essa frase, que até pouco tempo parecia improvável, virou uma estatística em avanço acelerado. Em apenas três anos, o Brasil deixou de olhar com desconfiança para BYD, GWM e companhia e passou a vê-las como protagonistas da nova corrida automotiva elétrica.

Hoje, mais de 80% dos carros elétricos vendidos no Brasil são chineses, e nomes como BYD já deixaram Honda, Nissan e Renault para trás no ranking geral de vendas. Mas como isso aconteceu tão rápido? E o mais importante: há espaço para tanta marca nova?

Contexto: A China virou uma superpotência automotiva e o Brasil é um alvo prioritário

Nos últimos anos, três grandes movimentos se cruzaram:

  • 1) Excesso de produção na China: Com EUA e Europa erguendo barreiras comerciais, as montadoras chinesas precisam de novos mercados grandes, populosos e ainda pouco eletrificados. O Brasil é perfeito nesse mapa.

  • 2) Avanço tecnológico chinês em elétricos e híbridos: As chinesas dominam a cadeia global de baterias, plataformas elétricas, software e integração, assim conseguem entregar carros mais tecnológicos por preços menores.

  • 3) Consumidor brasileiro disposto a trocar “marca” por “valor”, na prática: design moderno, muita tecnologia embarcada, custo-benefício agressivo e prazos de entrega curtos.

O resultado? Uma transformação acelerada no mercado.

  • 62% dos carros importados no Brasil já são chineses.

  • 10–12% do mercado total de carros novos está nas mãos de chinesas como BYD, GWM e Caoa Chery.

Exemplos práticos: quem são as marcas chinesas que já dominam o Brasil?

A presença chinesa não é homogênea. Cada marca chega ao Brasil com uma estratégia específica, e juntas, elas formam um ecossistema que pressiona todas as rivais tradicionais.

BYD — A locomotiva da eletrificação brasileira: É o coração da invasão. A marca combina escala global, tecnologia proprietária (como a Blade Battery) e um portfólio pensado milimetricamente para ocupar nichos abandonados pelas marcas tradicionais.

No Brasil, a estratégia é clara:

  • carros elétricos e híbridos plug-in com autonomia alta;

  • equipamentos de série que antes eram exclusivos de marcas premium;

  • preços que desarmam a concorrência.

O resultado é visível nas ruas: Song, Dolphin e Dolphin Mini se tornaram best-sellers quase imediatos. A BYD já ultrapassou Honda, Nissan e Renault e mira entrar no top 5 geral ainda antes da fábrica começar a produzir em escala.

GWM — Híbridos premium que desafiam Toyota e Jeep

A Great Wall Motors aposta em um posicionamento diferente: eletrificação com foco em desempenho, autonomia ampliada e experiência de usuário. O Haval H6 é hoje um dos híbridos mais desejados do país.

A marca entendeu que o brasileiro queria um SUV híbrido “de verdade”, com autonomia elétrica relevante, estética moderna e pacote tecnológico robusto.
A compra da antiga planta da Mercedes, em Iracemápolis, mostra que a GWM quer fincar raízes profundas no país.

Caoa Chery — A veterana da frente chinesa

Foi a primeira marca a quebrar a resistência inicial do consumidor brasileiro contra carros chineses. Seu papel hoje é diferente: reposiciona a linha Tiggo como híbridos de acesso e tenta capturar o cliente que busca tecnologia, mas ainda não quer pagar pelos elétricos completos da BYD.

É, de certa forma, a “porta de entrada” da eletrificação leve no Brasil.

A “segunda onda”: Omoda, Jaecoo, GAC, Geely e outras

Essas marcas chegam testando nichos: desde SUVs médios de design futurista até híbridos plug-in esportivos. Algumas têm planos agressivos de rede; outras estudam produção local.

O ponto-chave é: a China está exportando um ecossistema completo de marcas. Isso reproduz um movimento visto no próprio mercado chinês, onde dezenas de players até surgiram… mas muitos também ficaram pelo caminho.

No Brasil, dificilmente haverá espaço para todas. Mas a competição deve se intensificar antes de qualquer consolidação.

O cenário macro: os chineses estão comprando marcas globais

Além disso, grupos chineses já controlam marcas europeias históricas como Volvo, MG e Lotus, além de possuírem participações estratégicas em gigantes como a Mercedes-Benz e Stellantis. A própria BYD já entrou no top 10 global de vendas por mérito próprio... E a expansão continua.

No radar de analistas internacionais:

  • possíveis aquisições de marcas tradicionais enfraquecidas;

  • joint ventures para compartilhar plataformas elétricas;

  • licenciamento tecnológico para substituição rápida de motores a combustão.

No Brasil, isso poderia significar que marcas com baixa competitividade local podem, no futuro, virar braços de conglomerados chineses, assim como aconteceu com Volvo, MG e Polestar no exterior.

O gargalo dos carregadores:

Hoje, o maior risco para a expansão dos elétricos no país é a infraestrutura insuficiente de recarga.

Lá na China por exemplo, o governo criou o maior programa de infraestrutura elétrica do mundo:

  • padronização obrigatória de conectores;

  • incentivos para shoppings, prédios e estacionamentos;

  • metas anuais de expansão;

  • integração da rede elétrica com big data de mobilidade;

  • participação conjunta de estatais de energia e startups.

O resultado foi claro: a China instala mais carregadores públicos por ano do que todos os outros países somados.

O que o Brasil está fazendo (e o que ainda falta)

  • A expansão de carregadores é pulverizada, privada e sem padrão.

  • Estados criam regulações próprias, muitas vezes desconectadas entre si.

  • Não há metas nacionais de instalação.

  • Cidades carecem de planejamento de rede.

  • A rede elétrica urbana não está preparada para picos regionais de demanda.

Isso cria o risco de uma “bolha funcional”:

  • vendemos elétricos rápido demais para uma infraestrutura que cresce devagar demais

Para as montadoras chinesas que dependem do sucesso dos elétricos, este é o principal ponto de atenção.

E você, já comprou um carro 100% chinês?

Faça Login ou Inscrever-se para participar de pesquisas.

HEADLINES

World Big News:

  • É provável que a China busque um crescimento do PIB de 5% em 2026, numa tentativa de acabar com a deflação (Reuters)

  • Trump convida os americanos mais ricos a financiarem sua presidência (Axios)

  • Putin promete que a Rússia tomará a região de Donbas por todos os meios, enquanto os ucranianos se preparam para mais negociações de paz com os EUA (CNN)

Governo, Tesouro, BC e Brasília:

  • Joesley Batista, da J&F, viajou à Venezuela para pedir a renúncia de Maduro (InvestNews)

  • PIB: Brasil deixa lista das 10 maiores economias do mundo e cai para 11º (CNN)

  • Governo projeta elevar alíquotas do Imposto de Importação para arrecadar R$ 14 bi extras em 2026 (Valor)

  • Congresso dá aval para governo mirar piso da meta em 2026 (Folha)

Faria Lima, Wall Street, Euro, Ásia:

  • As milionárias transações entre Ambipar e Master enquanto ações explodiam na Bolsa (O Globo)

  • Cerc tem sinal verde para se tornar ‘bolsa’ de renda fixa (Valor)

  • Klabin troca CFO (Brazil Journal)

  • Corrida dos dividendos: R$ 68 bilhões foram anunciados desde novembro, diz BTG (Exame)

  • Fundos de hedge dobram a aposta usando alavancagem próxima a níveis recordes na busca por aumentar os retornos (Reuters)

Economia Real e Commodities:

  • Grupo Globo começa a construir Edifício Roberto Marinho, nova sede das empresas em Brasília (g1)

  • Bets fazem patrocínios de camisas do Brasileirão saltarem 125% em 2 anos e superarem R$ 1 bilhão (g1)

  • FURIA cria holding TMG e mira R$ 80 milhões com economia da atenção (InfoMoney)

  • O fantasma do petróleo a US$ 30 (Brazil Journal)

  • Brasil pode ampliar exportações de carne de frango em 0,5% em 2025 após reversão de embargos, diz ABPA (Notícias Agrícolas)

Tech, Silicon Valley, Startups, Criptos, VC:

  • O chefe de UI design da Apple está deixando a empresa para trabalhar na Meta (The Verge)

  • Gemini foi o termo de pesquisa mais popular do Google em 2025 (TechCrunch)

  • O ChatGPT perde 12 milhões de usuários diários após o lançamento do Gemini 3 (Says)

  • 'Preços de vigilância': Por que você pode estar pagando mais do que seu vizinho (Al Jazeera)

Deals, M&A e Private Equity:

  • Uma fábrica de fornos do interior de Minas a caminho da bolsa de Madri (Valor Pipeline)

  • Petrobras e Shell levam áreas no pré-sal por R$ 8,8 bi; arrecadação frustra governo (InfoMoney)

  • CVC adquire a unidade de scanners aeroportuários do Smiths Group em uma transação de US$ 2,7 bilhões (PitchBook)

GRÁFICO DO DIA

Ainda sobre as marcas de carro chinesas, já são 109 espalhadas pelo mundo.

MEMES SESSION

A palavra mais pesquisada do Google de 2025 é Gemini… Curioso, não?

AGENDA

Segunda, 01/12:

Terça, 02/12: Produção Industrial (BRA); Ofertas de Emprego (EUA)

Quarta, 03/12: PMI de Serviços (EUA); PMI Não-Manufatura (EUA)

Quinta, 04/12: PIB do Brasil; Balança Comercial (BRA); Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego (EUA)

Sexta, 05/12: Núcleo do Índice de Preços PCE (EUA)

THE PAPER // THAT'S ALL, FOLKS

BECAUSE MONEY MATTERS. Leitura diária obrigatória para gestores, traders, bankers e CEOs. Todas as manhãs de pregão, na sua caixa de entrada.