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10/12/2025

Good morning, Brasil.
Hoje é a última superquarta do ano, aquela em que Brasil e EUA decidem juros ao mesmo tempo. Por aqui, a Selic deve ser mantida em 15%, mas o mercado já aposta que o BC deve sinalizar um corte no início de 2026. Lá fora, a expectativa é de um corte de 25 bps pelo Federal Reserve.
Em Brasília, o contrato da esposa do ministro Alexandre de Moraes com o Banco Master chegava a R$ 3,6 milhões por mês, valor superior ao salário de qualquer jogador do Brasileirão (com exceção do Neymar, claro). Além disso, os Correios estimam gastos de R$ 15,1 bilhões com pessoal e mantêm benefícios acima do mínimo legal; e as exportações do agronegócio registraram alta de 1,4% em 2025.
No Paper of the Day de hoje, explicamos os fatores que estão redesenhando a infraestrutura brasileira: por que o país está realizando tantos leilões em 2025?
Aqui está o seu THE PAPER de hoje.
QUICK TAKES
📎 Read: As implicações do ajuste no estoque do Grupo Mateus (Brazil Journal)
▶️ Watch: CEO do Nubank fala de impostos e não descarta comprar banco no Brasil (CNN Brasil)
#️⃣ Stat: SpaceX pretende realizar um IPO em 2026 com captação de mais de US$ 30 bilhões (Reuters)
🧊 Ice Breaker: Pilotos mais bem pagos da Fórmula 1 em 2025 (Forbes)
ANTES DO SINO

Fechamento 09/12/2025 — (19:00)
PAPER OF THE DAY
Por que o Brasil tem feito tantos leilões em 2025?
Em 2025, o Brasil entrou num ciclo de leilões sem precedentes. No início do ano, o governo já falava em quase 90 certames de infraestrutura no ano, praticamente o dobro de 2024. Em março, já havia um mapa com 61 licitações somando R$ 73 bilhões em investimentos, distribuídos entre rodovias, saneamento, mobilidade urbana, portos e aeroportos.

Imagem: B3
Os motores por trás da “onda de leilões”
1) Cofre público apertado, capital privado em alta:
O primeiro vetor é simples: o governo não tem caixa para bancar sozinho a infraestrutura. Depois de anos de gasto elevado e espaço fiscal apertado, a saída foi acelerar concessões e PPPs como forma de destravar obras paradas, modernizar rodovias, portos, aeroportos e saneamento, sem explodir ainda mais a dívida pública.
Estimativas do governo indicam que, desde 2023, o volume de investimentos privados contratados em concessões de infraestrutura já superou a marca de R$ 300 bilhões, impulsionado majoritariamente pelo setor rodoviário.
2) Novo PAC: concessão virou política de Estado
O Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado em 2023, é o segundo pilar. Só no eixo de transportes (rodovias + ferrovias), ele reserva R$ 280 bilhões para 302 empreendimentos, dos quais R$ 185,8 bilhões em rodovias e R$ 94,2 bilhões em ferrovias, combinando obras públicas com novas concessões e concessões já existentes.
Ou seja, o governo passou a usar o PAC como “vitrine” e pipeline para concessões – o que ajuda a explicar por que, segundo o Ministério dos Transportes, 13 dos 15 leilões rodoviários de 2025 estão diretamente ligados ao programa.
3) BNDES voltou a ser protagonista
O terceiro motor é o BNDES, que reocupou espaço como financiador de longo prazo. O banco vem sinalizando um aumento relevante de crédito para concessões de infraestrutura (rodovias, saneamento, energia, aeroportos), num momento em que:
juros ainda estão em patamar elevado;
o mercado de capitais sozinho não consegue absorver todo o risco de prazo.
Essa combinação de Estado como estruturador + BNDES como financiador âncora + capital privado tomando risco operacional, é a base do modelo atual.
4) Regras mais claras: saneamento, concessões e PPPs
Do lado regulatório, dois movimentos foram chave:
Marco Legal do Saneamento (Lei 14.026/2020), que fixou metas de universalização até 2033 e instituiu a prestação regionalizada por meio de blocos e unidades regionais de saneamento, dando escala para a entrada do capital privado.
Discussão do novo marco de PPPs e concessões, que reforça a alocação eficiente de riscos, flexibiliza critérios de julgamento e amplia os instrumentos de apoio público, incluindo a figura das concessões multimodais.
Resultado: mais previsibilidade contratual e mais apetite dos investidores institucionais (fundos de infra, FIPs, seguradoras, previdência etc.).
O que vem pela frente (2026–2027)
A agenda não acaba em 2025. O Ministério dos Transportes já divulgou um plano para 2026 com:
21 leilões (13 rodoviários e 8 ferroviários);
R$ 288 bilhões em investimentos previstos (CNN)
A carteira inclui novos trechos rodoviários (como a Rota dos Sertões e a Rota das Gerais) e projetos ferroviários emblemáticos, como a Ferrogrão e o corredor Minas–Rio. Na prática, se o cronograma andar, 2026 repete o “tamanho” de 2025 e consolida um superciclo de concessões.
No saneamento, projeções indicam que, mantido o ritmo atual, empresas privadas passarão a atender 50% das cidades brasileiras até 2026, contra cerca de 30% hoje (ABCON SINDCON)
Já em transmissão, o pacote em estudo pela EPE e pelo MME pode levar a R$ 66,5 bilhões em novos lotes até 2027 (Agência iNFRA)
Os leilões de 2025 não são um fim em si mesmos, mas o início de um "pacote de obras" que vai maturar ao longo da próxima década. O desafio agora deixa de ser a atração de capital e passa a ser a execução (licenciamento ambiental e engenharia) para garantir que os bilhões contratados no papel se transformem em asfalto, trilhos e saneamento reais.
HEADLINES
World Big News:
Trump lança "Hall da Vergonha" em novo ataque contra jornais (DW)
Especialistas dizem que o papel de Kushner na proposta de aquisição da Warner Bros levanta questões éticas (Reuters)
A disputa na fronteira se intensifica com o segundo dia consecutivo de confrontos entre Tailândia e Camboja (Reuters)
Quênia se torna o primeiro país africano a ter seu sistema de saúde cofinanciado pelos Estados Unidos (Le Monde)
Governo, Tesouro, BC e Brasília:
Contrato da mulher de Moraes com Banco Master era de R$ 129 milhões (Metrópoles)
Não reeleger Lula é o que vai salvar o Brasil e salvar meu pai, diz Flávio Bolsonaro (InfoMoney)
Correios estimam gasto de R$ 15,1 bi com pessoal e dão benefícios acima do mínimo da CLT (JBr)
Superpensões acima do teto constitucional: 10 mil aposentados e pensionistas do setor público custam R$ 4 bi por ano ao país (O Globo)
Faria Lima, Wall Street, Euro, Ásia:
Como os juros nas alturas estão impulsionando até conflitos entre sócios de empresas (Estadão)
Rede Dia recebeu à vista 12% de CDBs investidos no grupo Master (Valor)
Ajuda ao Will Bank, do Master, pode envolver FGC e venda ao Mubadala (Bloomberg Línea)
JP Morgan tira Todd Combs da Berkshire (Brazil Journal)
Economia Real e Commodities:
Exportações do agro crescem 1,4% em 2025, apesar do tarifaço dos EUA (UOL)
Magalu abre megaloja na Paulista com valor equivalente à abertura de 10 lojas (Exame)
Tributação vira de cabeça para baixo empresas e donos de grandes fortunas (Neofeed)
Rio avança com a concessão das suas arenas olímpicas (Metro Quadrado)
Tech, Silicon Valley, Startups, Criptos, VC
Google lançará o primeiro de seus óculos com inteligência artificial em 2026 (CNBC)
Microsoft está investindo US$ 17,5 bilhões na Índia em infraestrutura de AI e nuvem (AP News)
Candidatos a bilionários da tecnologia agora têm curso de etiqueta para se tornarem mais sociáveis (Estadão)
Departamento de Comércio dos EUA autorizará a Nvidia a enviar chips H200 para a China (TechCrunch)
Tiger Global planeja um futuro cauteloso para investimentos de risco com um novo fundo de US$ 2,2 bilhões (TechCrunch)
Deals, M&A e Private Equity:
Medline busca arrecadar US$ 5,37 bilhões em seu maior IPO na área da saúde em 2025 (Yahoo Finance)
Boeing conclui a aquisição da Spirit AeroSystems em uma grande reestruturação da cadeia de suprimentos (Reuters)
Jay-Z investe na cultura coreana com parceria de US$ 500 milhões com a Hanwha (The Korea Herald)
GRÁFICO DO DIA
Lição importante: “Você só pode perder 99% no mercado, mas pode ganhar mais de 13.000%.”
A não ser que a ação vá a zero.

MEMES SESSION
Netflix e Paramount tentando demonstrar por que suas ofertas para a aquisição da Warner Bros são melhores.

AGENDA
Segunda, 08/12: —
Terça, 09/12: Ofertas de Emprego (EUA)
Quarta, 10/12: IPCA (BRA); Taxa de Juros Selic (BRA); Taxa-alvo de Fundos Fed (EUA); Projeções FOMC (EUA)
Quinta, 11/12: Vendas no Varejo (BRA); Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego (EUA)
Sexta, 12/12: Crescimento do Setor de Serviços (BRA); PIB (GBP)
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