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11/12/2025

Good morning, Brasil.
A última superquarta do ano veio sem surpresas: o Copom manteve a Selic em 15% e o Federal Reserve cortou 25 bps, como o mercado já precificava. Na bolsa, o Ibovespa tenta recuperar o fôlego para voltar à casa dos 160 mil pontos e fechar dezembro no positivo, enquanto a disputa entre o rali e o risco Brasil segue firme.
No noticiário doméstico, as “novidades” não param: Marcola foi absolvido após a Justiça de SP prescrever o maior processo contra o PCC; a Câmara aprovou o projeto que reduz penas de Bolsonaro e de condenados por tentativa de golpe; e o BRB multiplicou por seis o volume de empréstimos concedidos à própria diretoria em relação ao ano passado.
No Paper of the Day de hoje, mergulhamos no famoso “rali de Natal” - um movimento que todo investidor já ouviu falar, mas que poucos entendem de onde vem, por que acontece e por que, no Brasil, ele tantas vezes esbarra no risco doméstico.
Aqui está o seu THE PAPER de hoje.
QUICK TAKES
📎 Read: É uma bolha? — Novo memo de Howard Marks (Oaktree Capital)
▶️ Watch: Próximo conflito global será pela Antártida? (DW Brasil)
#️⃣ Stat: 10% mais ricos ganham 63,5 vezes mais que 50% mais pobres no Brasil (Valor)
🧊 Ice Breaker: Bombardier entrega o primeiro Global 8000 (AERO Magazine)
ANTES DO SINO

Fechamento 10/12/2025 — (18:30)
PAPER OF THE DAY
O “rali de natal”
Todo fim de ano, uma pergunta reaparece no mercado: vai ter Rali de Natal?
Em 2025, pelo menos até o início de dezembro, parecia ser mais um rali. O Ibovespa começou o mês embalado, renovando a máxima histórica na casa dos 160 mil pontos, sustentado pela expectativa de cortes de juros, pelo “Trade Tarcísio”, e por um fluxo estrangeiro que passou o ano inteiro aumentando a exposição aos emergentes.
Mas o Brasil continua sendo o Brasil. A sexta-feira (9) trouxe o “Flavio Day”, um pregão que tirou mais de 4% do índice em poucas horas e lembrou ao investidor que, por aqui, o risco político nunca sai de cena.
Ainda assim, para entender o que está acontecendo agora, e o por que o mercado insiste em buscar esse rali, vale retomar a lógica por trás desse movimento que, apesar do nome quase folclórico, tem raízes bem concretas.
Por que dezembro costuma ser um mês tão forte?
O otimismo de fim de ano não é apenas "espírito natalino"; existem vetores econômicos e comportamentais que sustentam esse movimento:
Novos recursos para bolsa: A injeção do 13º salário e bônus corporativos na economia aumenta a renda disponível. Parte desse capital flui para investimentos, gerando pressão compradora na bolsa.
Ajuste de carteiras: Gestores de fundos costumam rebalancear seus portfólios no fim do ano. Muitos até compram certas ações para tentar melhorar a performance “sair bem na foto” e para buscar a taxa de performance.
Otimismo e psicologia de mercado: O clima festivo e a expectativa de um "ano novo melhor" historicamente reduzem a aversão ao risco. Investidores tendem a antecipar movimentos do ano seguinte já em dezembro.
Menor liquidez (Volatilidade): Com muitos players saindo de férias, o volume de negociação pode cair. Consequentemente, em um mercado com menos ordens de venda (book mais vazio), ordens de compra pontuais podem causar deslocamentos de preço mais agressivos para cima.

Gráfico: THE PAPER (Perplexity)
Os números confirmam: o rali existe, mas o risco Brasil também
Estatisticamente, dezembro é um dos melhores meses para a bolsa. Entre 2000 e 2024, o Ibovespa fechou em alta em cerca de 70% das vezes, com retorno médio entre 2,9% e 3,3%. Tivemos anos excepcionais, como 2000 (+14,8%), e traumáticos, como 2014 (-8,6%).
Há exceções recentes, como 2024, quando o índice caiu 4,28% em meio ao temor fiscal.
Mas o padrão histórico dos últimos 25 anos revela um fator crucial: o Brasil consegue "estragar" o rali de natal com problemas internos. A sequência negativa de 2013 a 2016 exemplifica como crises institucionais podem anular a sazonalidade positiva por anos consecutivos.
Em 2025, estamos vivendo exatamente esse cabo de guerra: fundamentos externos até empurram a bolsa para máximas históricas, enquanto ruídos políticos domésticos, como o "Flavio Day", tentam frear o avanço. O resultado até o momento é um dezembro misto, provando que nosso rali é real, mas frágil.
HEADLINES
World Big News:
Em decisão dividida, Fed reduz juros pela 3ª vez seguida e indica um corte em 2026 (Bloomberg Línea)
Proibição de redes sociais a menores de 16 começa a valer na Austrália (BBC)
A nova guerra fria de Trump com a Europa (Axios)
U.S. Navy firma parceria com a Palantir para modernizar a cadeia de suprimentos da construção naval e acelerar o processo de construção de navios (Yahoo Finance)
Salário mínimo na Venezuela cai para R$ 2,72 por mês (Exame)
Governo, Tesouro, BC e Brasília:
Câmara aprova projeto que reduz penas de Bolsonaro e condenados por tentativa de golpe (g1)
Créditos tributários indevidos chegam a R$ 19 bi em 2024 (Valor)
BRB aumenta empréstimos para própria diretoria em seis vezes, e PT pedirá investigação (Folha)
Copom mantém taxa Selic em 15% ao ano, dentro do esperado pelo mercado (Veja)
Marcola é absolvido após Justiça de SP prescrever maior processo contra PCC (CNN)
Faria Lima, Wall Street, Euro, Ásia:
Ambipar pode ser condenada por abuso de poder sobre controladas (Times Brasil)
Atlético-MG monta FIDC para captar R$ 90 milhões e antecipar receitas para reforçar caixa da SAF (InvestNews)
Itaú Private chega a R$ 1 tri sob gestão com mudança geral de estratégia (Valor)
Crédito privado pode ter ‘risco oculto’ para investidores (Valor Investe)
Michael Burry, afirma possuir ações da Fannie Mae e da Freddie Mac e vê potencial de valorização em IPOs (Reuters)
Economia Real e Commodities:
Brasil amplia importações de fertilizantes em 2025 apesar da queda em novembro (Times Brasil)
Exportações de café do Brasil caíram 26,7% em novembro (Globo Rural)
BTG quer criar a maior casa de investimentos do agro com Ceres (The AgriBiz)
Hopi Hari sai de recuperação judicial e planeja de shopping a hotel em nova fase (Bloomberg Línea)
Os novos barões da mídia: como SBT News, Metrópoles e TMC disputam espaço na nova imprensa (InvestNews)
Tech, Silicon Valley, Startups, Criptos, VC:
Caveo, o ‘contador dos médicos’, atrai fundadores da SulAmérica (Brazil Journal)
Boom Supersonic levanta US$ 300 milhões para construir turbinas a gás natural para os data centers da Crusoe (TechCrunch)
Mudança na estratégia de AI da Meta está causando confusão interna (CNBC)
Amazon anuncia um investimento de US$ 35 bilhões na Índia até 2030 para impulsionar a inovação em AI e criar empregos (Amazon)
Deals, M&A e Private Equity:
Cade aprova fusão entre Petz e Cobasi com acordo que prevê desinvestimento (InfoMoney)
Sanofi recebe propostas pela Medley (Valor)
Shell busca parceiro para ajudar a financiar projeto offshore no Brasil (Bloomberg Línea)
Golden Goose, marca italiana de tênis de luxo, pode ser vendida por US$ 3 bilhões (InvestNews)
GRÁFICO DO DIA
Taxa de juros pelo mundo. Não é a toa que o Brasil é o país do rentismo.

MEMES SESSION

AGENDA
Segunda, 08/12: —
Terça, 09/12: Ofertas de Emprego (EUA)
Quarta, 10/12: IPCA (BRA); Taxa de Juros Selic (BRA); Taxa-alvo de Fundos Fed (EUA); Projeções FOMC (EUA)
Quinta, 11/12: Vendas no Varejo (BRA); Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego (EUA)
Sexta, 12/12: Crescimento do Setor de Serviços (BRA); PIB (GBP)
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