12/12/2025

Good morning, Brasil.

Será que a Oracle é o começo do fim? Depois de anos surfando a onda da computação em nuvem e da corrida pela infraestrutura de AI, a empresa despencou mais de 10% ontem e soltou um alerta que o mercado vinha tentando ignorar: talvez os gastos corporativos em inteligência artificial não sejam tão infinitos quanto pareciam.

O tema conversa diretamente com o novo memorando de Howard Marks, que vale a leitura. Nele, Marks discute justamente os exageros, as expectativas e os sinais de que estamos entrando numa fase mais “complexa” da AI, uma mudança que pode separar empresas com fundamento das que apenas surfaram o hype.

E, para completar, trouxemos uma reflexão que o próprio Marks faz no final da carta: o impacto da inteligência artificial sobre o trabalho humano. Até que ponto a AI melhora a produtividade… e até que ponto ela ameaça a estrutura de empregos como conhecemos?

Aqui está o seu THE PAPER de hoje.

QUICK TAKES

📎 Read: Oracle assusta com gastos galopantes, aumentando temor sobre bolha de AI (Brazil Journal)

▶️ Watch: Como o cooperativismo virou força no sistema financeiro (Curioso Mercado)

#️⃣ Stat: As escolas mais premium do Brasil (Forbes)

🧊 Ice Breaker: Louis Vuitton se torna patrocinadora principal do GP de Mônaco (Monaco Tribune)

ANTES DO SINO

Fechamento 11/12/2025 — (18:30)

PAPER OF THE DAY

Qual o futuro dos empregos?

No novo memorando da Oaktree, Howard Marks dedica algumas boas páginas para discutir se estamos ou não vivendo uma bolha de AI (Já comentamos isso por aqui). Mas, ao final, ele abandona o mercado financeiro por um minuto e faz uma análise profunda sobre o “futuro”: fala sobre empregos, propósito humano e o risco de que a AI esteja prestes a remodelar a sociedade de uma forma para a qual ninguém está preparado.

  • A ideia parte de um paradoxo que chamou a atenção de Howard Marks. No dia 18 de novembro, uma nota do Barclays resumiu a fala do diretor do Federal Reserve, Christopher Waller, afirmando que “todo o entusiasmo recente da bolsa com a AI ainda não se traduziu em criação de empregos”. Ou seja, os principais impactos da AI ​​serão o aumento da produtividade e, consequentemente, a eliminação de empregos.

A porta de entrada do argumento é simples: a Inteligência Artificial, antes de qualquer outra coisa, é um dispositivo extraordinário de economia de mão de obra. Segundo Marks, apoiado em estimativas do economista Joe Davis (Vanguard), para quatro em cada cinco empregos a AI pode economizar cerca de 43% do tempo que as pessoas gastam hoje em suas tarefas diárias. Isso significa melhorar a produtividade sem a necessidade de contratar novas pessoas.

E, se é possível produzir mais com menos pessoas, Marks volta à pergunta que o preocupa desde o início: o que acontece com quem perde o emprego?

  • Ele lista alguns setores onde a substituição já deixou o terreno da hipótese e entrou na realidade, como por exemplo dos programadores.

O mesmo vale para funções de nível inicial, aquelas que lidam com documentos, repetição e pouco julgamento. Advogados jr. que vasculham livros em busca de precedentes, analistas que montam planilhas e apresentações, médicos generalistas que interpretam exames, e até mesmo áreas como transporte: táxis, ônibus, caminhões, veem a automação avançar mais rápido do que o mercado é capaz de absorver.

Para Marks, a consequência é clara: a AI não cria empregos, ela elimina. E isso cria um paradoxo que ele chama de “verdadeiramente perturbador”. O aumento da produtividade pode fazer o PIB crescer, mas se milhões de pessoas perderem o emprego, como elas vão consumir os bens adicionais que a própria AI torna possíveis? 

É aqui que o memorando muda de tom. Ele prevê que governos acabarão adotando alguma forma de Renda Básica Universal, enviando cheques mensais para milhões de pessoas sem trabalho. Mas isso carrega um risco fiscal óbvio: menos trabalhadores significam menos arrecadação; mais subsídios significam mais gastos - “Não está claro quem vai pagar essa conta”.

Mas talvez o ponto mais forte do texto não seja econômico, e sim humano. Ele afirma que o trabalho oferece muito mais do que renda: ele dá motivo para acordar, estrutura o dia, senso de utilidade e dignidade pessoal. Ele teme um cenário de milhões de pessoas recebendo cheques do governo e “sentadas ociosas”, algo que ele compara diretamente ao colapso do emprego industrial nos EUA - que coincidiu com explosões de opioides, depressão e queda na expectativa de vida.

Para ele, esse é o risco menos discutido, porém mais profundo: o surgimento de uma geração sem propósito.

Há ainda outro dilema: se a AI elimina advogados, analistas e médicos juniores, de onde surgirão os profissionais experientes daqui a 20 anos? Como alguém aprende julgamento, padrões e complexidade se nunca passa pelos estágios iniciais da carreira?

  • Nem todo o cenário é sombrio. Marks admite que certas ocupações devem sobreviver, ou até se valorizar, justamente porque dependem de habilidades físicas ou cuidado prático: encanadores, eletricistas, enfermeiros. Ele também reconhece que algumas carreiras baseadas em talento e insight podem resistir, embora sejam poucas.

Mas, mesmo com esse “ponto positivo”, o recado final não deixa dúvidas. Marks está preocupado. Em suas palavras, o avanço da AI pode criar uma sociedade onde “um pequeno número de bilionários altamente educados será visto como responsável por tirar o emprego de milhões”, alimentando mais divisão social e populismo. E conclui com uma pergunta aberta - quase um pedido de ajuda:

“Os otimistas, por favor, expliquem por que estou errado.”

HEADLINES

World Big News:

  • Luis Arce, ex-presidente da Bolívia, é preso por suposto desvio de verbas (CNN)

  • Portugal tem 1ª greve geral em mais de 10 anos em protesto contra reforma trabalhista (InfoMoney)

  • Governo Trump lança oficialmente o “Gold Card”, visto acelerado de US$ 1 milhão para imigrantes (Times Brasil)

  • Premiê da Bulgária renuncia após semanas de protestos contra corrupção e economia (Veja)

Governo, Tesouro, BC e Brasília:

  • Contrato da mulher de Alexandre de Moraes com o Master previa defesa de interesses junto ao BC, Receita e Congresso (O Globo)

  • Câmara mantém mandato de Zambelli e suspende Glauber (CNN)

  • Lula diz não gostar de 'dar palpite' em assuntos do Congresso e que vai avaliar veto se texto for aprovado (g1)

  • Fabio Barbosa e grupo de empresários buscam candidatura de centro para apoiar em 2026 (Bloomberg Línea)

Faria Lima, Wall Street, Euro, Ásia:

  • B3 fecha acordo para atrair pessoa física estrangeira (Valor)

  • Coca-Cola escolhe executivo brasileiro Henrique Braun como novo CEO global (Bloomberg Línea)

  • Santander troca comando do banco de investimento (Pipeline Valor)

  • Fontes dizem que a Intel buscou acordos que aumentaram a fortuna do CEO Lip-Bu Tan (Reuters)

  • CEO da Lazard afirma que ter presença em Washington é essencial para fechar negócios (Reuters)

Economia Real e Commodities:

  • Belagrícola protocola plano de recuperação extrajudicial (Globo Rural)

  • Em 4 anos, crimes geram R$ 40 milhões em prejuízos ao setor de fertilizantes (Agro Estadão)

  • CTF, sócia do hotel Rosewood, afasta Allard do conselho e abre processo (Pipeline Valor)

  • A escassez de pilotos pode piorar ainda mais para as companhias aéreas nos próximos anos (Sherwood)

Tech, Silicon Valley, Startups, Criptos, VC:

  • Disney investirá US$ 1 bilhão na OpenAI e licenciará personagens para uso no ChatGPT e no Sora (WSJ)

  • GPT-5.2: Novo modelo de IA da OpenAI é ‘melhor em funções profissionais’ (Times Brasil)

  • Bezos e Musk competem para levar data centers ao espaço (WSJ)

  • Startup de dois meses levanta US$ 475 milhões de Jeff Bezos para ajudar a inteligência artificial a funcionar como o cérebro humano (Founded)

  • Com Aporte de R$ 20 Milhões, FlyMedia Lança “Fábrica de Influenciadores” Feitos por AI (Forbes)

Deals, M&A e Private Equity:

  • JHSF conclui venda de estoque e levanta R$ 5,25 bi (Brazil Journal)

  • Iguatemi vende fatias de quatro shoppings por R$ 372 milhões para fundo imobiliário da XP (InvestNews)

  • Patria compra divisão de FIIs da RBR e alcança R$ 38 bi em ativos imobiliários (InfoMoney)

  • Os próximos passos da fusão Petz e Cobasi, segundo Sérgio Zimerman (Neofeed)

GRÁFICO DO DIA

A relação histórica entre o índice P/E projetado do S&P 500 e os retornos anualizados subsequentes em 10 anos mostra que os investidores devem esperar um retorno zero no S&P 500 na próxima década - Apollo

MEMES SESSION

Será que a Villa 21 vai estar on? 👀 

AGENDA

Segunda, 08/12:

Terça, 09/12: Ofertas de Emprego (EUA)

Quarta, 10/12: IPCA (BRA); Taxa de Juros Selic (BRA); Taxa-alvo de Fundos Fed (EUA); Projeções FOMC (EUA)

Quinta, 11/12: Vendas no Varejo (BRA); Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego (EUA)

Sexta, 12/12: Crescimento do Setor de Serviços (BRA); PIB (GBP)

THE PAPER // THAT'S ALL, FOLKS

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