18/12/2025

Good morning, Brasil.

Depois de um dia que dispensa comentários, foco nos mercados.

O STJ proferiu uma decisão que destrava uma corrida bilionária entre farmacêuticas pelo lançamento do Ozempic genérico. A Aegea contratou bancos de investimento para estruturar um possível IPO. Petróleo na faixa dos US$ 60 pressiona a Petrobras. Brasil assume a liderança global na produção de carne bovina.

No Paper of the Day de hoje, analisamos a tributação de dividendos: o que já está acontecendo e quais as derivadas desse movimento para o mercado.

Aqui está o seu THE PAPER de hoje.

📎 Read: Previdência privada entra em modo rouba monte após IOF no VGBL (Neofeed)

▶️ Watch: Por que o CEO da Charles Schwab está preocupado com os jovens investidores? (WSJ)

#️⃣ Stat: Flamengo embolsa R$ 21,6 milhões com vice na Copa Intercontinental (Globo Esporte)

🧊 Ice Breaker: A cerimônia do Oscar será transferida para o YouTube em 2029 (AP News)

ANTES DO SINO

Fechamento 17/12/2025 — (19:00)

PAPER OF THE DAY

A nova tributação de dividendos e os efeitos colaterais

Com a nova regra de tributação de dividendos entrando em vigor em 1º de janeiro de 2026, empresas brasileiras aceleraram a aprovação de distribuições para garantir a isenção dos lucros gerados até 2025.

A maioria desses valores será pago entre 2025 e 2026, com R$ 52,9 bilhões em 2025 e R$ 57,8 bilhões em 2026, concentrando quase 90% do volume nos primeiros dois anos. O restante segue o cronograma estendido até 2028, em casos específicos como o de empresas que optaram por distribuição parcelada de longo prazo.

Imagem: Fábrica Ambev (Divulgação)

A nova legislação permite que lucros de exercícios anteriores a 2026 permaneçam isentos, desde que aprovados em assembleia até 31 de dezembro de 2025. Pois a partir de janeiro do ano que vem, dividendos acima de R$ 50 mil mensais por empresa serão tributados em 10% na fonte.

Comparação com a proposta original de reforma

Para entender o impacto total do movimento de 2025, é importante contrastar com o que poderia ter sido feito.

A proposta original de tributação defendida por Paulo Guedes (PL 2.337/2021) previa redução escalonada do IRPJ de 15% para 12,5% em 2022 e para 10% a partir de 2023, mantendo a alíquota de CSLL em 9%. O texto aprovado pela Câmara em 2021 (que não foi convertido em lei) chegou a prever IRPJ de 8% e CSLL de 8%, mas ambas as reduções eram condicionadas a outras medidas fiscais, e os dividendos seriam tributados em 15% a 20%. O objetivo era incentivar a retenção de caixa e o aumento do investimento corporativo ao longo do tempo.

  • O desenho atual produziu um incentivo oposto: ao manter a carga dupla (34% de imposto sobre lucro na empresa + 10% de imposto sobre dividendos na distribuição), o governo criou um cenário mais caro para as companhias e investidores. Agora, as empresas viram a necessidade de retirar caixa imediatamente para antecipar distribuições antes da tributação, ao invés de serem incentivadas a reter lucros para novos investimentos.

O efeito na dinâmica de mercado: recompra

Uma outra dinâmica interessante, de acordo com a visão de João Braga da Encore, é que quando o dividendo é creditado, grande parte dos investidores simplesmente recompra a ação. Por exemplo, se entre 30% e 50% dos R$ 124,1 bilhões em dividendos retornarem ao mercado via recompra, estaremos falando de R$ 37 a 62 bilhões em pressão compradora adicional. Esse fluxo concentrado nos primeiros dias úteis após cada pagamento cria pressão de demanda que teoricamente contrabalanceia a saída de caixa das empresas.

Há ainda um mecanismo técnico adicional via fundos passivos. Quando uma ação fica ex-dividendo, seu preço ajusta automaticamente. Mesmo que o dinheiro ainda não tenha sido pago, o índice "perde" valor naquele papel. Para se manterem aderentes ao benchmark, muitos fundos recalibram posições. O efeito líquido é uma pressão compradora via índice em um momento em que, teoricamente, o mercado deveria estar sofrendo com incerteza fiscal e tributária.

Consequências para as empresas

A retirada antecipada de caixa gera efeitos que não aparecem imediatamente nos preços dos ativos, mas impactam os seguintes itens:

  • menor disponibilidade de recursos para investimento

  • necessidade futura de recomposição de caixa

  • maior dependência de endividamento

  • aumento de risco financeiro em setores intensivos em capital

Além disso, a recomposição desse caixa tende a ocorrer ao longo de vários trimestres, não de forma imediata.

O que fica para 2026

O volume recorde de dividendos anunciados em 2025, pode melhorar o retorno ao acionista no curto prazo, mas reduz a flexibilidade financeira das empresas nos ciclos seguintes.

A mudança tributária altera a forma de remuneração do capital, o ritmo de investimento, o perfil de risco e a dinâmica de crescimento das companhias fechadas e listadas. Ao final, o mercado apenas está reagindo aos incentivos disponíveis.

HEADLINES

World Big News:

  • Trump ignora Venezuela e foca em economia e imigração em discurso à nação (CNN)

  • A OMS alerta para uma nova variante da gripe ligada a um aumento de casos graves da doença; sintomas a serem observados (IBT)

  • Crise castiga finanças de polos automotivos da Alemanha (DW)

  • Cientista português que lecionava no MIT é morto a tiros nos EUA (Veja)

Governo, Tesouro, BC e Brasília:

  • Câmara aprova corte de 10% em benefícios fiscais e taxação para bets, fintechs e JCP (Valor)

  • Corregedor do CNJ autoriza pagamento de penduricalho de quase R$ 1 bilhão aprovado no TJ do Paraná (Estadão)

  • Lula anuncia saída de Celso Sabino do Turismo; União Brasil pediu cargo após expulsar ministro (g1)

  • Socorro a Correios deve ficar próximo de R$ 12 bi, diz Haddad (Valor)

  • Decisão do STJ destrava corrida bilionária entre Hypera, EMS e Cimed por Ozempic genérico (InvestNews)

Faria Lima, Wall Street, Euro, Ásia:

  • Projeto de tokenização da B3 é o primeiro passo para negociações de ativos 24 horas (Neofeed)

  • Aegea contrata BTG Pactual, Itaú BBA e Morgan Stanley para plano de IPO (Bloomberg Línea)

  • Para onde vão os R$ 41 bilhões de CDBs do Master? (Brazil Journal)

  • Wall Street está cautelosa com a possibilidade de as ações superarem o desempenho da economia (Axios)

  • Auditores globais de crimes financeiros visitam o Canadá após multa recorde aplicada a bancos (Reuters)

Economia Real e Commodities:

  • Petróleo em queda pressiona Petrobras e pode prejudicar competitividade de fontes renováveis (InvestNews)

  • Demanda por cafés especiais impulsiona a abertura de microtorrefadoras no país (Globo Rural)

  • Preços da picanha e do filé mignon caem em 2025, mas ‘ciclo do boi’ aponta para alta em 2026 (InvestNews)

  • Brasil ultrapassa EUA e assume liderança global na produção de carne bovina (Times Brasil)

Tech, Silicon Valley, Startups, Criptos, VC:

  • Lovable é avaliada em US$ 6,6 bi em sua última rodada de financiamento (CNBC)

  • Databricks reforça seu caixa com uma avaliação de US$ 134 bilhões em sua mais recente rodada de financiamento (Reuters)

  • Startup apoiada por Altman e JPMorgan anunciam parceria de empréstimo de capital com a Amazon (CNBC)

  • Google lança o Gemini 3 Flash e o torna o modelo padrão no aplicativo Gemini (TechCrunch)

Deals, M&A e Private Equity:

  • Orizon incorpora Vital Engenharia, da Queiroz Galvão, e dobra Ebitda (Pipeline Valor)

  • Conselho da Warner Bros Discovery rejeita a proposta concorrente da Paramount e segue com o deal com a Netflix (Reuters)

  • IPO da Medline, o maior do ano, indica nova janela de ‘saídas’ para o private equity (Bloomberg Línea)

  • Coursera vai comprar a Udemy, criando uma empresa de US$ 2,5 bilhões focada em treinamento em AI (Reuters)

  • Spirit e Frontier Airlines planejam fusão nos EUA (Reuters)

GRÁFICO DO DIA

Ações da Medline subiram mais de 40% no IPO.

MEMES SESSION

AGENDA

Segunda,15/12:  

Terça,16/12: Ata do Copom (BRA); Vendas no Varejo (EUA); PMI Industrial (EUA); PMI Serviços (EUA)

Quarta,17/12: IPC (GBP)

Quinta,18/12: Decisão de Juros (GBP); IPC (EUA); Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego (EUA)

Sexta,19/12: Investimento Estrangeiro Direto (BRA); PCE (EUA)

THE PAPER // THAT'S ALL, FOLKS

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