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19/11/2025

Good morning, Brasil.
O dia começa com um capítulo final no sistema financeiro: o Banco Master foi oficialmente liquidado pelo Banco Central, encerrando uma das maiores montanhas-russas recentes do mercado. Depois de meses de incertezas, disputas e manchetes, o BC colocou o ponto final.
Lá fora, o noticiário político também se mostrou em movimento: a Câmara dos EUA aprovou o projeto que obriga a divulgação dos arquivos de Jeffrey Epstein. Agora, o texto segue para o Senado, onde o apoio ainda é incerto e a tramitação pode virar mais um elemento de volatilidade em Washington.
E o grande evento do dia é a divulgação dos resultados da Nvidia. O número que sai hoje tem potencial para mexer com S&P, Nasdaq, Brasil… e, sim, o seu portfólio.
Aqui está o seu THE PAPER de hoje.
QUICK TAKES
📎 Read: A trajetória de Daniel Vorcaro, o criador do Banco Master (Revista Piauí)
▶️ Watch: A mentalidade de um dos maiores CEOs do Brasil (Market Makers)
#️⃣ Stat: Aplicativo do FGC supera ChatGPT e vira o mais baixado nos iPhones após liquidação do Master (JBr)
🧊 Ice Breaker: Deputada Erika Hilton pede investigação das vendas de ingressos do GP de São Paulo (Motorsport)
ANTES DO SINO

Fechamento 18/11/2025 — (18:30)
PAPER OF THE DAY
Uma história nos moldes de Brasil
O caso do Banco Master e de seu controlador Daniel Vorcaro já entrou para a lista dos maiores escândalos financeiros do país. Nesta semana, o banqueiro foi preso pela Polícia Federal ao tentar deixar o Brasil em um jato particular, ao mesmo tempo, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial da instituição, encerrando as operações do grupo Master e acionando o FGC para proteger os investidores de varejo.
A verdade é que o Master não era um banco qualquer.
Em cerca de cinco anos anos, o patrimônio líquido saltou de R$ 219 milhões para quase R$ 5 bilhões, impulsionado por um modelo agressivo: CDBs pagando 120%–140% do CDI, bem acima do mercado (impulsionados pela distribuição em massa das corretoras), alavancagem perto do limite regulatório (10x o capital) e investimentos concentrados em empresas em situação delicada, como Light, Ambipar, CVC, Oi, Gafisa e Westwing.
O alerta vermelho acendeu no Banco Central no fim de 2024, quando a autoridade passou a enxergar um “banco pequeno”, superalavancado, com cerca de R$ 50 bilhões em CDBs emitidos e mais de R$ 12 bilhões vencendo em 2025, lastreados em uma carteira cheia de ativos duvidosos. Em reuniões com a diretoria, o BC foi direto: para que o Master não quebrasse, precisava parar com as operações mais arriscadas e aumentar o capital em R$ 2 bilhões.
Até ai “tudo bem”. Mas era só o começo da história.

(Imagem: Revista Piauí)
A “solução” para salvar o Master apareceu com o BRB, banco estatal do Distrito Federal, que decidiu comprar o Master por cerca de R$ 2 bilhões, em uma transação que rapidamente levantou suspeitas sobre a condução dos negócios. E foi durante a análise desse acordo que o BC, o MPF e a PF encontraram algo muito mais grave: entre 2024 e 2025, o BRB e Master realizaram operações que somaram R$ 16,7 bilhões, sendo R$ 12,2 bilhões para comprar carteiras de crédito que, segundo as investigações, simplesmente não existiam.
O esquema, de acordo com a PF, incluía uma empresa intermediária, contratos retrodatados, assinaturas eletrônicas incompatíveis com as datas declaradas e documentos que teriam sido produzidos às pressas, um mecanismo que permitiu “fabricar” carteiras de crédito e justificar a entrada dos bilhões do BRB no Master.
Nesse meio tempo, o BTG também apareceu como um possível comprador da operação, mas no final, acabou pagando “apenas” R$ 1,5 bilhões por alguns ativos.
Para os investidores, o estrago não ficou restrito à pessoa física. A Oncoclínicas, rede de saúde listada em Bolsa, tinha cerca de R$ 433 milhões aplicados em CDBs do Master, e, segundo o Valor, R$ 217 milhões já estavam provisionados no 3° tri, deixando uma exposição líquida de R$ 216 milhões no banco.
O impacto também foi para os fundos de pensão. O Rioprevidência, fundo de previdência dos servidores do Rio de Janeiro, aplicou R$2,6 bilhões em fundos do ligados ao banco, incluindo R$ 100 milhões em ações da Ambipar, hoje em recuperação judicial — o que levou o Tribunal de Contas a apontar as operações como imprudentes e levantou suspeitas sobre as razões desses investimentos.
Quanto ao FGC, a entidade informou que os pagamentos só começarão após receber a base de dados completa do liquidante nomeado pelo BC — processo que ainda deve levar algumas semanas.
Mas o que aconteceu nesta semana foi literalmente o fim da linha.
Depois que o Grupo Fictor anunciou, na segunda-feira, a intenção de comprar o Master por cerca de R$ 3 bilhões com investidores dos Emirados Árabes, os acontecimentos passaram a correr quase que de hora em hora, e ainda com muita coisa a ser apurada.
No fim do dia, o caso Master é mais um episódio que expõe, ao mesmo tempo, as falhas e a robustez do sistema financeiro brasileiro. E que, pelos personagens, cifras e camadas, realmente parece roteiro de filme.
As derivadas dessa história ficam para um outro momento…
Sabemos que o “buraco é mais em baixo” e envolve nomes da política, crime organizado e times de futebol. O fato é que isso, para o bem e para o mal, é uma história nos moldes de Brasil.
Isso sem mencionar as festas de milhões, casa de Trancoso, escritórios de Miami e o aluguel mais caro de Londres…
Será que veremos uma temporada de delações premiadas ao estilo Lava Jato?
HEADLINES
World Big News:
Câmara dos EUA aprova projeto que obriga liberação dos arquivos de Epstein (CNN)
Ex-secretário do Tesouro dos EUA, Larry Summers deixa vida pública após divulgação de e-mails para Epstein (Valor)
Os EUA venderão caças F-35 para a Arábia Saudita, diz Trump (BBC)
A matrícula de novos estudantes internacionais nos EUA caiu 17%, a maior queda fora do período da pandemia nos últimos 11 anos (NBC)
Chile dá sinal de que é mais um a virar à direita. Graças à criminalidade (Brazil Journal)
Governo, Tesouro, BC e Brasília:
FGC diz que vai pagar R$ 41 bi a 1,6 milhão de clientes do Banco Master (UOL)
Taxação de bets e fintechs pode ‘bancar’ despesa obrigatória do seguro rural (Globo Rural)
BNDES investe R$ 409 milhões em ações da Cosan (Broadcast)
Empresa de secretário nacional do PT recebeu R$ 11,1 milhões de intermediárias de associações que fraudaram aposentadorias do INSS (g1)
Faria Lima, Leblon, Wall Street:
Oncoclínicas diz que exposição contábil ao Master é de R$ 216 milhões (InfoMoney)
A saída de CEOs nos EUA está no nível mais alto em décadas (Sherwood)
Uma força discreta de Wall Street impulsionou o boom de investimentos alternativos de US$ 17 trilhões (Yahoo Finance)
Economia Real e Commodities:
Tech, Silicon Valley, Startups, Criptos, VC:
Ramp atinge uma avaliação de US$ 32 bilhões, apenas 3 meses depois de atingir US$ 22,5 bilhões (TechCrunch)
Microsoft, NVIDIA e Anthropic anunciam parcerias estratégicas (Microsoft)
A bolha da AI da qual você nunca ouviu falar (Business Insider)
Deals, M&A e Private Equity:
Entre Cosan e Corsan, Perfin vende fatia na companhia de saneamento ao Bradesco por R$ 2,1 bilhões (InvestNews)
LiveMode assume 100% da CazéTV; Casimiro vira sócio da holding global do grupo (InvestNews)
Rebels Ventures, de Rony Meisler, entra em energéticos com aporte na Dane-se (Neofeed)
Ticketmaster compra BaladaApp, de Gusttavo Lima, e entra no mercado sertanejo (Bloomberg Línea)
Empresa saudita surge como favorita para comprar a Warner Bros. Discovery (SAN)
M&A das tintas: Akzo Nobel compra Axalta por US$ 9,2 bi e cria gigante do setor (Bloomberg Línea)
MEMES SESSION
Essa história de ontem poderia virar um filme. Em poucas palavras:

Investidores dos CDBs nesse momento
AGENDA
Segunda, 17/11: Relatório Focus; IBC-Br; Balanço: XP Inc.
Terça, 18/11: —
Quarta, 19/11: IPC (GBP); Ata reunião FOMC (EUA); Balanço: Nvidia
Quinta, 20/11: Feriado Dia da Consciência Negra; Balanço: Walmart
Sexta, 21/11: PMI Industrial (EUA); PMI Serviços (EUA)
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