19/12/2025

Good morning, Brasil.

Agora sim, quem fez, fez. Vamos aos fatos.

Lá fora, a crise demográfica piora na França. Nos Estados Unidos, o governo anunciou vendas de armas no valor de US$ 11 bilhões para Taiwan. Na América do Sul, a Bolívia declarou emergência econômica.

No Brasil, trabalhadores dos Correios entraram em greve e BNDES liberou R$ 5,2 bilhões para alongar dívidas do agronegócio.

E no Paper of the Day de hoje, trazemos um overview sobre o “próxima janela” da bolsa. Será que ela vai ser uma das melhores?

Aqui está o seu THE PAPER de hoje.

📎 Read: O portfólio 60/40 morreu. Troque os Treasuries por metais e ações de energia (Brazil Journal)

▶️ Watch: Instalamos uma máquina de venda automática com inteligência artificial no nosso escritório. Ela distribuía tudo de graça (WSJ)

#️⃣ Stat: A inflação americana arrefeceu em novembro para 2,7%, mas os economistas recomendam cautela ao interpretá-la (CNN)

🧊 Ice Breaker: Lançamentos de apartamentos batem recorde e chegam a 150 mil ao ano em SP (Estadão)

ANTES DO SINO

Fechamento 18/12/2025 — (19:00)

PAPER OF THE DAY

Vamos ter o maior ciclo de IPOs do Brasil?

Nos últimos dias, duas notícias voltaram a acender o radar dos investidores para o mercado de IPOs no Brasil.

A primeira veio do setor de saneamento. A BRK Ambiental protocolou na CVM o pedido de registro para abertura de capital, sinalizando que pode ser a empresa a quebrar o jejum de quase quatro anos sem IPOs na B3. Controlada pela Brookfield e pelo fundo de investimentos do FGTS, a companhia atua em mais de 100 municípios e vê no mercado de capitais uma alternativa para financiar sua expansão e reorganizar sua estrutura de capital.

Poucos dias depois, outra gigante do mesmo setor entrou no noticiário. A Aegea, maior operadora privada de saneamento do país, contratou BTG Pactual, Itaú BBA e Morgan Stanley para estruturar um possível IPO, com janela estimada a partir de 2026. A operação, se sair do papel, pode estar entre as maiores da próxima safra.

Somado a isso, o B3 Day desta semana trouxe um dado que ajuda a explicar a movimentação:

Ou seja: O número de empresas estão apenas aguardando a “oportunidade”, é bem relevante.

O histórico mostra que IPO no Brasil acontece em ciclos

Se formos olhar para a história, o mercado de IPOs do Brasil aconteceu entre as seguintes “janelas”:

  • Em 2007, no auge do primeiro grande boom, o Brasil registrou 64 IPOs, recorde absoluto.

  • Entre 2020 e 2021, impulsionado por juros historicamente baixos e liquidez global abundante, o país viveu o segundo grande ciclo, com 74 ofertas em dois anos.

  • Já entre 2022 e 2025, a história virou do avesso: nenhum IPO no país, a maior seca em décadas.

O gráfico resume bem a dinâmica: quando juros caem, bolsa sobe e o apetite por risco aparece. Quando o cenário macro vira, a janela fecha e costuma ficar congelada por anos.

O problema é que, no último ciclo, talvez mercado abriu “cedo demais” e muito eufórico.

Gráfico: THE PAPER (Perplexity)

A ressaca de 2021: por que o investidor ficou desconfiado

A memória recente pesa, e muito.

Cerca de 75% das empresas que abriram capital em 2021 hoje negociam abaixo do preço de IPO. Algumas viraram casos emblemáticos de destruição de valor, com quedas superiores a 90%. Outras simplesmente deixaram de existir como empresas listadas ou entraram em recuperação judicial.

Alguns casos com fatores como:

  • empresas sem lucro,

  • modelos de negócio ainda em construção,

  • múltiplos esticados,

  • e um cenário macro que mudou rápido demais.

Quando a Selic saiu de 2% para dois dígitos, o mercado reprecificou os ativos. O futuro ficou caro, o crescimento perdeu valor e a conta caiu no colo do investidor, principalmente o PF, que caiu na conversa de influenciadores em busca de “retornos exorbitantes”.

Essa experiência pode explicar por que o próximo ciclo pode ser muito mais seletivo.

O que muda agora e o que esperar pela frente

A diferença entre 2021 e o que começa a se desenhar agora está no ponto de partida.

Hoje, os juros ainda estão altos, mas o mercado já começa a olhar para frente, precificando um ciclo de cortes a partir de 2026. A bolsa voltou a operar em patamares elevados, o fluxo estrangeiro reapareceu e existe uma demanda reprimida tanto de empresas quanto de investidores.

Além disso, os primeiros nomes que surgem primeiro no pipeline não são startups promissoras ou empresas de “história bonita”, mas companhias de infraestrutura, com contratos longos, receita previsível e necessidade real de capital, como no caso, as empresas saneamento.

Por fim, podemos ter um ciclo de retomada gradual, ofertas robustas, empresas grandes, muito escrutínio e menos espaço para erros.

A não ser que euforia tome conta de forma exacerbada e aconteça o mesmo que 2021.

HEADLINES

World Big News:

  • Mais mortes e menos bebês: crise demográfica piora na França (DW)

  • EUA anunciam venda de armas no valor de US$ 11 bilhões para Taiwan (BBC)

  • Por que Donald Trump tem poupado a Chevron do bloqueio de petroleiros na Venezuela (InvestNews)

  • Mais um bilionário acaba de anunciar uma doação para "contas de Trump" (Axios)

  • Bolívia declara estado de emergência econômica e suspende subsídios a combustíveis (Valor)

Governo, Tesouro, BC e Brasília:

  • ‘Agora ou nunca’: Lula pressiona UE para assinar acordo comercial com o Mercosul (Bloomberg Línea)

  • Lula nega acordo do governo e diz que vai vetar PL da Dosimetria (g1)

  • Fraudes no INSS: PF pediu ao STF prisão do senador Weverton Rocha; PGR foi contra (g1)

  • Aliado de Castro atuou para Cedae flexibilizar regra e investir R$ 200 milhões no banco Master (O Globo)

  • STF decide negar aposentadoria integral a doença grave não ocupacional (UOL)

  • Alexandre de Moraes autoriza Bolsonaro a dar entrevista ao Metrópoles (Metrópoles)

  • Trabalhadores dos Correios entram em greve em 9 estados (CNN Brasil)

Faria Lima, Wall Street, Euro, Ásia:

  • Grupos tradicionais avançam no capital de empresas abertas (Valor)

  • Fundos de investimento em infraestrutura devem fechar o quarto trimestre com rentabilidade negativa e vêm sofrendo resgates desde a ameaça de taxação aos títulos isentos (Neofeed)

  • Lululemon enfrenta pressão de ativistas após Elliott adquirir participação de US$ 1 bilhão (Yahoo Finance)

  • BP nomeia primeira mulher no comando e retoma foco em petróleo e gás (Bloomberg Línea)

Economia Real e Commodities:

  • BNDES liberou R$ 5,2 bilhões para alongar dívidas rurais (Globo Rural)

  • AgroGalaxy emite R$ 213 milhões em debêntures para pagar dívidas (Agro Estadão)

  • O Patria Investimentos e um consórcio formado pela BRK Ambiental e a Acciona levaram os dois blocos de saneamento de Pernambuco leiloados na B3 (Brazil Journal)

  • Protesto de agricultores contra Mercosul em Bruxelas acaba em confronto (CNN)

Tech, Silicon Valley, Startups, Criptos, VC:

  • Embalada por série L de US$ 4B, Databricks acelera no Brasil (Startups)

  • Coinbase lança negociação de ações, mercados de previsão em uma tentativa de se tornar a "Corretora de Tudo" (CoinDesk)

  • O Facebook testa uma assinatura mensal de £9,99 para o covampartilhamento de mais de dois links (BBC)

Deals, M&A e Private Equity:

  • Controladora da Riachuelo oficializa venda do Midway Mall para a Capitânia Capital (Times Brasil)

  • A Warren está a venda, mas ainda falta consenso sobre o preço (Brazil Journal)

  • Privatização da Copasa avança: governo de Minas Gerais recebe aval para vender companhia (InvestNews)

  • Trump Media vai se fundir com empresa de fusão nuclear em um negócio de US$ 6 bilhões (BBC)

  • Boatsetter e Getmyboat anunciam fusão, formando um poderoso marketplace para aluguel de barcos e aventuras náuticas (Yahoo Finance)

GRÁFICO DO DIA

Ainda sobre a discussão dos ingressos da Copa, preços para a final estão em média x6 mais caros do que 2022 (The Guardian)

MEMES SESSION

Logo menos Congonhas também terá mais aviões com as mesmas duas pistas, fiquem tranquilos.

AGENDA

Segunda,15/12:  

Terça,16/12: Ata do Copom (BRA); Vendas no Varejo (EUA); PMI Industrial (EUA); PMI Serviços (EUA)

Quarta,17/12: IPC (GBP)

Quinta,18/12: Decisão de Juros (GBP); IPC (EUA); Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego (EUA)

Sexta,19/12: Investimento Estrangeiro Direto (BRA); PCE (EUA)

THE PAPER // THAT'S ALL, FOLKS

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