25/11/2025

Good morning, Brasil.

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Vamos lá! Apesar das altas de ontem, os mercados seguem operando com cautela. O sentimento de “Extreme Fear” ainda domina o humor dos investidores, enquanto a semana mais curta nos EUA por conta do Thanksgiving não deve trazer alívio: hoje e amanhã saem dados importantes da economia americana, capazes de orientar as próximas decisões do Fed e o apetite do mercado.

No Paper of the Day de hoje, explicamos por que o Google voltou a se destacar entre as big techs americanas e quais os fatores que sustentam a virada da Alphabet em 2025.

Aqui está o seu THE PAPER de hoje.

QUICK TAKES

📎 Read: Banco Master prova que chegou a hora de reformar o FGC (Brazil Journal)

▶️ Watch: Como a Sonder saiu de um unicórnio da hotelaria avaliado em US$ 2 bilhões à falência (WSJ)

#️⃣ Stat: A dívida pública mundial de US$ 111 trilhões (Visual Capitalist)

🧊 Ice Breaker: Relógio de bolso de passageiro do Titanic é vendido por US$ 2,3 milhões (NY Times)

ANTES DO SINO

Fechamento: 24/11/2025 — (19:00)

PAPER OF THE DAY

O “turnaround” do Google

Ontem, a Alphabet anunciou um contrato multimilionário com a OTAN para fornecer uma solução de “sovereign cloud” habilitada por AI — um acordo histórico que coloca o Google no centro de um dos ecossistemas mais sensíveis e estratégicos do mundo. Segundo o comunicado oficial, a parceria envolve capacidades avançadas de segurança, infraestrutura dedicada e ferramentas de AI generativa de nível militar. O mercado gostou e as ações saltaram mais de 6% no dia.

  • Esse movimento coroou um ano que já vinha sendo excepcional para as ações da empresa.

A Alphabet, dona do Google, está vivendo em 2025 aquele ano de virada que redefine a narrativa de uma empresa. As ações sobem aproximadamente 67% no ano, e a companhia acaba de superar a Microsoft para se tornar a 3ª empresa mais valiosa do mundo, atrás apenas de Nvidia e Apple, com valor de mercado em torno de US$ 3,8 trilhões, já encostando no clube dos US$ 4 trilhões.

  • Mas há cerca de 18 meses, a história era outra…

Depois do boom do ChatGPT e da ascensão meteórica dos modelos da OpenAI, o consenso em Wall Street era de que o Google tinha “ficado para trás” na corrida da AI. Isso estava até “evidente” no início de 2024, quando o Gemini enfrentou uma crise pública com a ferramenta de geração de imagens. O modelo passou a produzir representações historicamente imprecisas ou distorcidas. O caso viralizou, obrigou o Google a retirar o recurso do ar e levantou dúvidas sérias sobre a capacidade da empresa de calibrar seus próprios modelos de AI.

Em 2025, esse ceticismo virou combustível: a Alphabet está protagonizando um dos maiores “turnarounds” de percepção da era da AI.

A grande novidade: Gemini 3

Neste mês de novembro, o Google lançou seu modelo mais avançado e, pela primeira vez, já plugou a versão top de linha diretamente na busca no dia 1. A mensagem foi clara: a empresa está confiante o suficiente para colocar sua AI mais sofisticada justamente no produto que “paga a conta”: o search.

Essa aceleração vem de uma estratégia “full-stack” de AI: o Google controla desde o hardware (as TPUs, chips próprios para AI) até os modelos (Gemini) e as aplicações em cima disso.

Resultado: mais de 70% dos clientes de Cloud já usam produtos de AI da casa, e a receita dos serviços construídos em cima de modelos generativos cresce bem acima do resto do negócio.

No consolidado, o 3° tri foi histórico:

  • Receita total acima de US$ 100 bilhões;

  • Crescimento de dois dígitos em todas as linhas relevantes (search, YouTube, cloud);

  • Margem operacional em alta.

E, na prática, isso aparece em coisas bem concretas: mais receita por busca com o novo modo de AI na Search, mais contratos grandes de cloud amarrados a projetos de AI (de bancos a big techs) e mais anunciantes usando as ferramentas de AI do Google para criar, testar e otimizar campanhas no YouTube e na rede de display.

Os catalisadores da mudança:

Dá pra resumir a virada da Alphabet em três grandes vetores:

  1. Gemini 3 e a virada da AI: O modelo recoloca o Google na disputa de “estado da arte” e, mais importante, mostra capacidade de escalar AI para bilhões de usuários sem destruir a margem. O lançamento direto na busca virou símbolo dessa confiança, e ajudou a matar a tese de que a AI inevitavelmente canibalizaria o negócio de search.

  2. Resultados fortes e Cloud como segundo motor: O combo de crescimento forte em publicidade, aceleração do Google Cloud e expansão de margem operacional fez Wall Street reprecificar a ação. A empresa deixou de ser vista como “velha big tech de search” e passou a ser tratada como um play de AI com múltiplos motores de crescimento.

  3. O “efeito Buffett”: Warren Buffett, que sempre foi reticente com tech, revelou uma posição de cerca de US$ 4,3 bilhões em Alphabet, tornando o papel uma das maiores posições da Berkshire. Para um investidor que praticamente só compra o que considera “máquina de gerar caixa com vantagem competitiva duradoura”, foi praticamente um carimbo oficial de que o Google está nesse clube.

No agregado, esses movimentos turbinaram o fluxo para o papel: a ação disparou quase 20% em um mês, surfando esse combo de resultado forte, AI entregando na prática, decisão antitruste menos drástica do que o mercado temia e “selo Buffett” em cima.

E os riscos?

O caso Alphabet hoje é quase um textbook de “crescimento com qualidade”:

  • Negócio de search e publicidade ainda extremamente lucrativo;

  • Segunda perna de crescimento em cloud;

  • Opcionalidades em AI, Android, YouTube, hardware e até computação quântica.

Mas não é jogo ganho:

  • O capex em AI é gigantesco, se a demanda desacelerar ou os preços caírem, esses investimentos vão pesar nas margens por anos;

  • A empresa continua no alvo de reguladores em vários países, com risco de novas restrições em dados, contratos e modelos de negócio;

  • E parte do mercado começa a questionar se não estamos vendo uma “bolha de AI” nas big techs, com múltiplos esticados demais em cima de promessas de longo prazo.

Ainda assim, na fotografia de 2025, o Google virou talvez o melhor exemplo de como uma big tech consegue se reinventar em público: saiu do papel de “gigante ameaçada pelo ChatGPT” para uma das protagonistas da nova fase da AI — com crescimento acelerando, lucro subindo e o mercado pagando para ver até (pelo menos) os US$ 4 trilhões.

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HEADLINES

World Big News:

  • Governo Trump inclui Cartel de los Soles, que diz ser liderado por Nicolás Maduro, em lista de grupos terroristas (g1)

  • Venezuela tem voos internacionais cancelados após alerta de risco dos EUA (CNN)

  • O que vem a seguir para a diplomacia climática após o desfecho conturbado da COP? (Axios)

  • JD Vance tem algum problema com a Palantir? (CNN)

Governo, Tesouro, BC e Brasília:

  • Banco Central compra ouro pela primeira vez desde 2021 (Valor)

  • Boletim Focus: analistas cortam projeções de inflação de 2025 e Selic em 2026 e 2028 (InfoMoney)

  • Galípolo diz que BC ainda está insatisfeito com nível da inflação e defende juros restritivos (UOL)

  • Arrecadação federal chega a R$ 261,9 milhões em outubro e bate recorde (Agência Brasil)

  • Como o BC descobriu as fraudes do Banco Master que levaram à prisão de Vorcaro (Valor)

  • Master e BRB fizeram negócio de R$ 303 milhões com empresa de atendente de lanchonete investigada por golpe (O Globo)

Faria Lima, Leblon, Wall Street:

  • Por que fortunas brasileiras estão levando US$ 1,5 Bi para Dubai (Forbes)

  • Agora do BTG Pactual, Veste muda a estratégia de Le Lis e Dudalina: menos saldão, mais preço cheio (InvestNews)

  • A Apple TV quer ir longe (The Verge)

  • O ceticismo em relação às vacinas nos EUA afeta as ações da Moderna (Semafor)

  • Ações da Novo Nordisk despencaram após o ensaio clínico de um medicamento para Alzheimer não atingir a meta principal (CNBC)

  • Michael Burry lança o Substack com acesso restrito após cancelar o registro de seu fundo de hedge (Sherwood)

Economia Real e Commodities:

  • Tarifas dos EUA causam perda de US$ 3 bilhões ao Brasil e ameaçam competitividade, diz estudo (Folha)

  • Tarifaço custou US$ 240 milhões em exportações do agro brasileiro aos EUA (Globo Rural)

  • Petrobras pensa em retorno ao etanol e mais produção de biodiesel, diz CEO (CNN)

Tech, Silicon Valley, Startups, Criptos, VC:

  • Revolut atinge avaliação de US$ 75 bilhões em nova rodada de captação de recursos (TechCrunch)

  • Napster afirmou ter arrecadado US$ 3 bilhões de um investidor misterioso. Agora, o "investidor" e o "dinheiro" desapareceram (Forbes)

  • ColmeIA acelera expansão e recebe aporte de R$ 18 milhões da Crescera Capital (Bloomberg Línea)

  • O novo recurso de transparência de localização do X levanta questões sobre a origem das contas MAGA (CNBC)

Deals, M&A e Private Equity:

  • IGC superou bancos atendendo só o sell side e chegou a marca de 500 deals (Bloomberg Línea)

  • Iberdrola faz oferta para fechar capital da Neoenergia a R$ 32,5 por ação (Forbes)

  • Dono do Mêntore Bank compra 50% da Nutrinor e mira R$ 1 bi em refeições corporativas (Bloomberg Línea)

  • Por que tantas equipes da NBA estão sendo vendidas agora? (FOS)

GRÁFICO DO DIA

Para reforçar: A confiança do mercado no Google aumentou consideravelmente nos últimos meses.

MEMES SESSION

We’re so back🔥… (Até a próxima virada no mercado)

Dica de como anunciar o estagiário do mês:

Instagram Post

AGENDA

Segunda, 24/11:

Terça, 25/11: Investimento Estrangeiro Direto (BRA); Vendas no Varejo (EUA); Confiança do Consumidor (EUA)

Quarta, 26/11: IPCA-15 (BRA); PIB 3°tri (EUA); PCE (EUA)

Quinta, 27/11: IGP-M (BRA); Feriado Dia de Ação de Graças (EUA)

Sexta, 28/11: Dívida Bruta/PIB (BRA); Taxa de Desemprego (BRA); Dia de Ação de Graças - Encerramento mais cedo às 13:00 (EUA)

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