26/11/2025

Good morning, Brasil.

Brasília segue pegando fogo. O ministro Alexandre de Moraes decretou o cumprimento imediato da pena de Jair Bolsonaro, afirmando que não cabem mais recursos no caso. O ex-presidente permanece preso preventivamente na Superintendência da PF, acusado de interferir nas investigações.

Enquanto isso, o nome de Tarcísio de Freitas virou um dos principais tópicos da Fintwit ao longo do dia. Entre análises, especulações e projeções, investidores começam a redesenhar cenários para 2026, tentando entender quem ganha e quem perde com o novo tabuleiro político.

Ainda em Brasil, trazemos um olhar mais aprofundado sobre o número real do desemprego para responder à seguinte pergunta: qual é o problema que vai além das estatísticas?

Aqui está o seu THE PAPER de hoje.

QUICK TAKES

📎 Read: 5 Grandes escândalos financeiros (Faria Lima Elevator)

▶️ Watch: A crise dos CEOs: como sobreviver à pressão (Financial Times)

#️⃣ Stat: Aposta em queda de ações e outros ativos de renda variável subiu 53% em um ano (InvestNews)

🧊 Ice Breaker: Boné autografado por Senna vai a leilão com lances a partir de R$ 24,5 mil (Globo Esporte)

ANTES DO SINO

Fechamento 25/11/2025 — (19:00)

PAPER OF THE DAY

Desemprego de 5,6%… Mas qual seria o “desemprego real”?

O governo comemora: o Brasil está com a menor taxa de desemprego da série histórica, algo em torno de 5,6%. Na comunicação oficial, isso quase vira “pleno emprego”.

Mas quando você olha para a rua: bicos, informalidade, motoristas de app e entregadores que a estatística conta como 'ocupados', MEIs que mal fecham as contas, e milhões de jovens que não estudam nem trabalham, a sensação é outra.

  • Fica a pergunta: quem está certo, o número ou a percepção?

Como o IBGE mede o desemprego

A taxa oficial vem da PNAD Contínua, pesquisa do IBGE que segue o padrão da OIT. Para alguém ser considerado desempregado, três condições precisam acontecer ao mesmo tempo:

  • não ter trabalhado na semana da pesquisa;

  • ter procurado emprego nos últimos 30 dias;

  • e estar disponível para começar a trabalhar caso surja uma vaga.

Esse detalhe é crucial.

Quem desistiu de procurar emprego — o desalentado — sai da conta. Quem fez qualquer bico na semana é considerado ocupado. E trabalhadores em condições superprecárias também entram como ocupados.

O dado, porém, não está errado — ele só mede um conceito muito específico, o de “desocupação aberta”.

O “resto da história”: subutilização e informalidade

Quando você amplia o olhar além da taxa oficial, a fotografia muda bastante.

A subutilização da força de trabalho, que soma desempregados, desalentados e trabalhadores que gostariam de trabalhar mais, fica em torno de 14%, mais que o dobro da taxa “headline”. E a informalidade segue alta: perto de 38% da força de trabalho está sem carteira ou sem CNPJ, com menos proteção e menor renda.

Aqui também entra outro grupo muitas vezes invisível na estatística: pessoas que vivem de auxílios, como o Bolsa Família, e não procuram emprego.

  • Elas não aparecem como empregadas (isso é mito), mas entram como “fora da força de trabalho”. E quando mais gente sai da força de trabalho, a taxa de desemprego cai, mesmo sem melhora equivalente do mercado.

Um estudo da FGV IBRE mostra que a ampliação do Bolsa Família nos últimos anos está associada a uma queda de cerca de 0,5 p.p. na taxa de participação, porque parte dos beneficiários — sobretudo homens jovens no Norte e Nordeste — deixa de buscar emprego. Isso ajuda a reduzir o desemprego oficial ao tirar gente da força de trabalho, sem eliminar a vulnerabilidade.

É por isso que, na prática, enquanto cerca de 6 milhões aparecem como desempregados oficiais, o país convive com algo perto de 16 milhões de pessoas subutilizadas e quase 40 milhões trabalhando na informalidade. O mercado parece muito mais frágil do que os 5,6% sugerem.

A taxa é “mentira” ou o problema é outro?

A taxa não é mentira, fraude ou manipulação. A metodologia do IBGE é sólida, segue padrões internacionais e se mantém a mesma há décadas.

Mas o ponto é outro: o número não conta tudo. Ele mede quantas pessoas procuram emprego e não encontram — e “só isso”. Fica de fora o desalento, a informalidade, a subutilização e a atual geração “nem-nem”.

Chamar a taxa de “falácia” é exagero. Mas usar só ela para dizer que “está tudo bem” é incompleto.

O “conceito real” de desemprego para quem investe

Para investidores, gestores e empresários, a leitura mais útil não está em um número isolado, mas em um conjunto de dados:

  • Desemprego oficial: ~5,6%

  • Subutilização: ~14%

  • Informalidade: ~38%

  • Taxa de participação: abaixo do pré-pandemia

  • Geração “nem-nem”: ~18% dos jovens de 14–29 anos (e Brasil entre os piores do mundo na faixa 18–24)

E isso muda a análise econômica.

Para o Banco Central, um mercado de trabalho "apertado" (com poucos desempregados e muitas vagas) justificaria juros altos para evitar inflação salarial. Porém, se o desemprego real for maior — quando incluímos subutilização, desalentados e informalidade — o mercado não estaria tão apertado assim, sugerindo que os juros poderiam estar mais alto do que economicamente justificado. (Obs: Aqui entram diversas outras variáveis para uma decisão)

Para o governo, celebrar só a taxa oficial ignora a subutilização, informalidade e jovens fora de escola e trabalho. Para o investidor, entender esse descompasso é essencial para projetar consumo, crédito e produtividade, além de avaliar riscos de uma política econômica inconsistente.

Em resumo

O Brasil pode bater o menor desemprego da história e, ao mesmo tempo, conviver com:

  • milhões de subutilizados,

  • quase 40 milhões na informalidade,

  • jovens que não estudam nem trabalham,

  • e famílias que sobrevivem com auxílios e ficam fora da força de trabalho.

Os 5,6% não são falsos. Eles só não contam a história inteira.

E outra: a distorção de realidade criada por plataformas digitais, “influencers”, tigrinho, BETs e derivados tende a reduzir o interesse de parte da população por oportunidades no mercado formal. Essa é uma dimensão extra de complexidade que não aparece na taxa oficial de desemprego… mas fica de um assunto futuro para o THE PAPER.

HEADLINES

World Big News:

  • Ucrânia aceita base de plano dos EUA para encerrar guerra com a Rússia (Veja)

  • Mamdani contrata ex-sócio do Goldman Sachs e desenvolvedor para equipe de transição (Yahoo Finance)

  • O Departamento de Eficiência Governamental dos EUA, foi dissolvido faltando oito meses para o término de seu mandato (CNBC)

Governo, Tesouro, BC e Brasília:

  • Moraes decreta cumprimento da pena de Bolsonaro; ele ficará na PF, em Brasília (g1)

  • Com custo bilionário, Senado aprova aposentadoria especial de agentes (CNN)

  • Governo sanciona com vetos reforma do setor elétrico (Valor)

  • Santander paga R$ 19,4 milhões ao BC em caso envolvendo Campos Neto (Valor)

Central de Resultados:

  • Ações da Alibaba disparam com aumento de 34% nas vendas de nuvem impulsionadas por AI (CNBC)

Faria Lima, Leblon, Wall Street:

  • BNDES seleciona ETFs para investir R$ 1 bilhão (InvestNews)

  • Raízen recruta seu primeiro CEO para o conselho em meio à crise de endividamento (InvestNews)

  • Itaú aumenta compra de ações do Nubank e já tem US$ 106 milhões (Estadão)

  • Blue Owl, com US$ 300 bilhões sob gestão, quer crescer na América Latina e Brasil é o foco dessa ofensiva (Neofeed)

  • Larry Page se torna o segundo mais rico da história ultrapassando Larry Ellison da Oracle, com a alta das ações da Alphabet (Forbes)

Economia Real e Commodities:

  • Juros altos provocam restrição de recursos para inovação no campo (Globo Rural)

  • China adia anúncio de salvaguarda e mercado de carne bovina ganha fôlego (Agro Estadão)

Tech, Silicon Valley, Startups, Criptos, VC:

  • Trump ordena "Missão Gênesis" para impulsionar a pesquisa em AI (Axios)

  • Os obstáculos para os “fundadores de AI” (Axios)

  • A Anthropic lança o Opus 4.5 com novas integrações para Chrome e Excel (TechCrunch)

  • O fundador da Binance, Changpeng Zhao, enfrenta mais um processo judicial por transações ligadas ao Hamas (Yahoo Finance)

  • Empresas de tecnologia recorrem aos mercados de dívida para financiar a expansão da AI ​​e da computação em nuvem (Reuters)

  • X-Energy surfa na onda nuclear e levanta US$ 700 milhões na Série D (TechCrunch)

  • Clara capta US$ 70M em dívida para expansão no México e Colômbia (Startups)

Deals, M&A e Private Equity:

  • BNDES aporta R$ 85,9 milhões na gaúcha Bioo (Globo Rural)

  • Americanas aceita nova proposta e venderá Uni.co (Puket e Imaginarium) para BandUP! (Metrópoles)

  • Stark Bank faz spin off da frente de infraestrutura, que nasce com 50 clientes e R$ 500 bi de TPV ao ano (Neofeed)

  • Dona global da Taco Bell assume operação no Brasil e planeja abrir um restaurante a cada 12 dias até 2030 (Neofeed)

  • Mercados privados deverão representar mais da metade da receita global do setor de gestão de ativos até 2030 atingindo US$ 200 trilhões (PwC)

  • Saudi Aramco avalia venda de ativos para arrecadar mais de US$ 10 bilhões (Investing)

  • Performance Food Group e US Foods cancelam negociações de fusão (Yahoo Finance)

GRÁFICO DO DIA

Ainda sobre o desemprego, também não está fácil para o trabalhador americano:

MEMES SESSION

Quem é pior: o cara que teve a ideia ou quem aprovou ela? Mais um ícone para Faria Lima.

AGENDA

Segunda, 24/11:

Terça, 25/11: Investimento Estrangeiro Direto (BRA); Vendas no Varejo (EUA); Confiança do Consumidor (EUA)

Quarta, 26/11: IPCA-15 (BRA); PIB 3°tri (EUA); PCE (EUA)

Quinta, 27/11: IGP-M (BRA); Feriado Dia de Ação de Graças (EUA)

Sexta, 28/11: Dívida Bruta/PIB (BRA); Taxa de Desemprego (BRA); Dia de Ação de Graças - Encerramento mais cedo às 13:00 (EUA)

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