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28/11/2025

Good morning, Brasil.
Com os EUA ainda em clima de Thanksgiving, a liquidez global permanece baixa. A soma de feriado + Black Friday deve manter os mercados em um dia de volatilidade reduzida.
No Oriente, as tensões voltam a subir, com novas movimentações envolvendo China, Taiwan e Japão, enquanto a Rússia endurece o discurso no conflito da Ucrânia.
Por aqui, a Receita Federal deflagra uma megaoperação contra um grupo acusado de sonegar R$ 26 bilhões. Ao mesmo tempo, a PF deflagra a Operação Slim. Fica a dúvida: virou rotina? Até onde isso vai?
E no Paper of the Day de hoje, olhamos para um tema que afeta famílias, herdeiros, empresários e o próprio mercado financeiro: A maior transferência de riqueza da história. Um movimento que deve redesenhar consumo, sucessão e investimentos nas próximas duas décadas.
Aqui está o seu THE PAPER de hoje.
QUICK TAKES
📎 Read: Grupo familiar José Alves investe R$ 100 milhões de olho em boom de suplementos (Bloomberg Línea)
▶️ Watch: Edmond Safra: A mente mais brilhante do mundo bancário (Aura por Lucas Abreu)
#️⃣ Stat: Lista completa das demissões nas empresas de tecnologia em 2025 (TechCrunch)
🧊 Ice Breaker: Cristiano Ronaldo investe na promoção de MMA com o apoio do campeão do UFC, Ilia Topuria (The Independent)
ANTES DO SINO

Fechamento 27/11/2025 — (19:00)
PAPER OF THE DAY
“A grande transferência”
Nos próximos 20 anos, os Estados Unidos vão testemunhar o maior movimento de transferência patrimonial já registrado na história moderna.
Mas, ao contrário da narrativa otimista — “millennials vão herdar trilhões”, “uma nova geração milionária está surgindo” — o fenômeno é mais concentrado, desigual e cheio de condicionantes. Para a maior parte das famílias, a herança será modesta, tardia ou simplesmente irrelevante.
Ainda assim, o número impressiona: segundo a Cerulli Associates, US$ 124 trilhões devem mudar de mãos até 2048. É o estoque acumulado por Baby Boomers e pela Silent Generation, gerações que atravessaram o pós-guerra e depois surfaram décadas de forte crescimento econômico e valorização de ativos.
Esse é um fenômeno essencialmente:
Demográfico: Boomers estão envelhecendo, se aposentando e entrando em fase de sucessão em massa.
Financeiro: Essa geração acumulou mais riqueza do que qualquer outra na história moderna. Nos EUA, boomers controlam cerca de 50% de toda a riqueza do país.
Estrutural: São décadas de ativos acumulados sendo finalmente transmitidos ou vendidos.
Como que isso começou?
Essas gerações passadas foram beneficiados por uma combinação única de fatores históricos:
Crescimento econômico robusto do pós-guerra: empregos estáveis, renda crescente e mobilidade social.
Acesso a imóveis com múltiplos de renda muito menores do que os atuais: compra acessível + forte valorização ao longo de décadas.
O maior ciclo de valorização financeira da história moderna: o mercado acionário disparou desde os anos 80, criando riqueza acumulada e previdência fortalecida.
Sistemas previdenciários mais generosos e benefícios trabalhistas mais robustos do que os de hoje.
Esse conjunto criou a geração mais patrimonializada da história americana, e explica por que o volume agora sendo transmitido é tão extraordinário.

Distribuição da riqueza americana
Fonte: Federal Reserve e GHCF
Dentro desse volumes:
A concentração é impressionante.
Mais da metade de todo o valor projetado deve vir de apenas 2% das famílias americanas, num movimento dominado por grandes fortunas, trusts, empresas privadas e portfólios generosos de investimentos.
Outra característica marcante é a “transferência horizontal”: antes do dinheiro chegar aos filhos, cerca de US$ 54 trilhões vão circular entre cônjuges, e a maior parte desse valor irá para viúvas boomers, que se tornam, ao longo da década, um dos grupos que mais passam a comandar decisões financeiras nas famílias. Além disso, a maior parte do patrimônio não está em dinheiro líquido.
As sucessões vão envolver principalmente:
imóveis residenciais e comerciais;
portfólios de ações, fundos e previdência;
empresas familiares e participações privadas;
seguros, trusts e estruturas patrimoniais;
ativos ilíquidos como arte e coleções
Na prática, trata-se menos de “ganhar um cheque” e mais de herdar estruturas complexas, muitas vezes difíceis de administrar, dividir ou liquidar.
Implicações: o que realmente muda daqui para frente
A ideia de que “millennials vão ficar ricos” simplifica demais o fenômeno. Na prática, o movimento tende até a aprofundar a desigualdade, porque a maior parte do patrimônio continua circulando dentro do mesmo topo da pirâmide — mesmo com uma fatia relevante sendo direcionada para filantropia.
Também há um fator demográfico importante: parte significativa desse patrimônio deve ser consumida em saúde e cuidados de longo prazo, o que reduz ou até esgota o que chega aos herdeiros.
Além disso, existe um forte descompasso de expectativas. Pesquisas mostram que muitos millennials acreditam que receberão heranças substanciais, enquanto boa parte dos pais planeja deixar valores mais modestos ou ainda nem possuem um planejamento sucessório organizado.
O processo pode ainda gerar repercussões de mercado: a necessidade de liquidez para dividir bens, pagar impostos ou reorganizar o patrimônio, tende a aumentar a oferta de imóveis, empresas e ativos ilíquidos ao longo da próxima década.
E, enquanto tudo isso acontece, bancos, family offices e fintechs já se movimentam para conquistar o relacionamento dessas novas gerações.
No fim, a “Grande Transferência” é real, mas é acima de tudo, um fenômeno da elite. Para a maioria das pessoas, o motor financeiro vai continuar sendo o mesmo: renda, poupança, educação financeira e execução.
HEADLINES
World Big News:
Putin afirma que o plano dos EUA poderia ser a "base" de um acordo com a Ucrânia, mas ameaça tomar o território à força caso Kiev não recue (CNN)
Rússia sai em defesa da China e diz que responderá 'duramente' caso Japão posicione mísseis em ilha próxima a Taiwan (g1)
Trump desconvida a África do Sul da cúpula do G20 de 2026 (POLITICO)
França adere à onda do serviço militar na Europa (POLITICO)
Venezuela proíbe seis grandes companhias aéreas após aumento das tensões com os EUA (BBC)
Governo, Tesouro, BC e Brasília:
Brasil fica em primeiro em ranking de supersalários no funcionalismo, com gasto de R$ 20 bilhões (Folha)
Lula acena com redução da jornada de trabalho e isenção da PLR (Folha)
Galípolo vê inflação em trajetória planejada, mas cita riscos no radar (UOL)
Megaoperação mira grupo do setor de combustível que teria sonegado R$ 26 bi (UOL)
PF deflagra Operação Slim em São Paulo (Gov.br)
CPI do Banco Master ganha força no Senado e atinge assinaturas para instalação (ICL)
Faria Lima, Leblon, Wall Street:
Poucos fundos de previdência conseguem superar o CDI (Valor)
Reag Investimentos altera nome para Arandu após escândalo e vende novos ativos (Bloomberg Línea)
Como a corretora Robinhood virou o templo dos investimentos de alto risco (InvestNews)
Ações da Puma disparam 18% após notícia de que a chinesa Anta Sports estaria interessada em comprar a gigante de artigos esportivos (CNBC)
Após NY, é a vez de Londres: JPMorgan planeja construir maior torre de Canary Wharf (Bloomberg Línea)
Economia Real e Commodities:
Juro bancário chega ao maior nível desde 2017 (Valor)
Black Friday deve movimentar R$ 5,4 bi no comércio; confira setores que mais vendem (InfoMoney)
China cancela compra de soja de 5 empresas brasileiras (Agro Estadão)
Deere vê 2026 como ano ‘mais fraco’ do ciclo do agro e corta previsão de lucro (Bloomberg Línea)
Tech, Silicon Valley, Startups, Criptos, VC:
Deals, M&A e Private Equity:
Muffato compra 10% do Assaí – por ora, um investimento financeiro (Brazil Journal)
TIM compra a V8.Tech em negócio que pode chegar a R$ 280 milhões e "turbina" ofensiva no B2B (Neofeed)
Venda de ações da CSN na MRS pode movimentar mais de R$ 3 bilhões (InvestNews)
Concessionária de Guarulhos arremata 12 aeroportos regionais em leilão (CNN)
GRÁFICO DO DIA
A representatividade das empresas brasileiras no índice global de ações é praticamente “irrelevante”.

AGENDA
Segunda, 24/11: —
Terça, 25/11: Investimento Estrangeiro Direto (BRA); Vendas no Varejo (EUA); Confiança do Consumidor (EUA)
Quarta, 26/11: IPCA-15 (BRA); PIB 3°tri (EUA); PCE (EUA)
Quinta, 27/11: IGP-M (BRA); Feriado Dia de Ação de Graças (EUA)
Sexta, 28/11: Dívida Bruta/PIB (BRA); Taxa de Desemprego (BRA); Dia de Ação de Graças - Encerramento mais cedo às 13:00 (EUA)
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